sexta-feira, 13 de julho de 2018

O tema do AMOR na literatura…


No âmbito do estudo do texto poético, os alunos do oitavo ano, turma C, segiuram as «pegadas» de Camões e redigiram um poema coletivo. Este texto é o resultado das diferentes definições individuais de um sentimento tão profundo quanto complexo e controverso: o Amor.

Amor é um fogo que arde sem se ver

 Amor é um fogo que arde sem se ver, 
é ferida que dói, e não se sente;
é um contentamento descontente,
é dor que desatina sem doer.

É um não querer mais que bem querer;
é um andar solitário entre a gente;
é nunca contentar-se e contente;
é um cuidar que ganha em se perder.

É querer estar preso por vontade;
é servir a quem vence, o vencedor;
é ter com quem nos mata, lealdade.

Mas como causar pode seu favor
nos corações humanos amizade,
se tão contrário a si é o mesmo Amor?
Luís Vaz de Camões, in "Sonetos"

O Amor é…

O sol que ilumina os dias de chuva.


O alimento da alma. É sermos guiados pelo coração, contra tudo e todos. É uma força maior do que a da Natureza, alimentada por simples gestos. É, também, uma arma contra a violência. É o que nos une e nos mantém vivos. É algo puro e genuíno, como uma pequena criança. É como as tintas que dão vida a uma tela.
Um sentimento que nos comanda e que nos leva a agir sem pensar.
Sentir que temos alguém ao nosso lado em todas a situações.
Um sentimento forte e verdadeiro, que se dá e recebe.
Um sentimento partilhado por duas pessoas que querem expressar mutuamente as emoções, mas com a obrigação de amar e respeitar.
É uma beleza que não se vê, mas, indubitavelmente, a maior do universo.
É um sentimento que está presente em todos nós e pode ser conquistado com pequenos ou grandes gestos.
É algo único que não se vê, porém, anda por todo o mundo, entre a multidão.
“Cego”, não interessa a idade, o sexo, a cor… Existem diferentes tipos de amor: amor de família, de amizade, de paixão, mas não deixa de ser amor: o sentimento mais forte do Mundo.
Um sentimento multifacetado que pode ser recíproco, que se demonstra por atos carinhosos ou pela forma como se trata as pessoas de quem gostamos. É trocarmos energias positivas com as pessoas que amamos.
Ter milhares de escolhas e fazer sempre a mesma, todos os dias.
Quando nunca nos sentimos sozinhos, quando temos alguém que nos acompanha. É um sentimento inexplicável.
Sentir paixão ou qualquer outro tipo de afeto pelo outro. É ajudá-lo e acarinhá-lo. É realizar atos de bondade.
Uma atração que não se explica, sente-se apenas. É uma força comandada pelo nosso coração que nos obriga a ser leais.
Um sentimento que nos une e nos deixa mais felizes, completos e realizados.
Dar sempre o melhor de nós, é pensar no bem geral e não apenas no bem individual, é saber partilhar, é saber oferecer e não apenas receber.
Algo que acontece que espontaneamente, é ter alguém que está sempre connosco.
Algo que se sente, que nos deixa ansiosos e muito felizes. Pode manifestar-se e ser interpretado de várias maneiras.
O que nos alimenta todos os dias e o que nos faz querer continuar a viver. É ajudar e ser ajudado, é ser feliz.
Tão puro como a água que bebemos.
Como uma flor, precisa de ser regado todos os dias com pequenos gestos.
Um sentimento inexplicável que toma conta dos nossos corações.
Algo que não se vê, mas que está presente em todo o lado. Cria e destrói, une e desune pessoas e nações.
Uma força inexorável que se apodera dos nossos corações e controla as nossas vidas.
Um sentimento tão forte, inevitável e compulsivo como a vontade de dar “spoilers”, quando vês a mesma série pela terceira vez. Aparece tão rápido como o “Flash”, é eletrizante como o “Blacklightning”, emocionante como “Stranger Things”, mas pode magoar tanto como as setas do “The Arrow”. Quando amamos alguém, sentimo-nos na “La Casa de Papel”, pois roubam-nos o coração.
Português -  8º C





Também o Concurso Literário, promovido pelo Grupo Disciplinar de Línguas Românicas do Ensino Básico, teve como tema «O Amor». Os concorrentes surpreenderam-nos, mais uma vez, pela sua criatividade, originalidade e qualidade de escrita. Seguem-se alguns exemplos….


De Julieta, Romeu e flor se faz história de amor
Livro dos Desprovérbios

Desabrochavam já, na velha macieira do pátio da escola, os primeiros sorrisos rosados das flores, quando Joana se sentou debaixo da árvore secular cujos ramos lembravam braços prontos a socorrer um lenho em mar revolto. Uma náufraga! Esta era a sensação da jovem desde que chegara à escola e procurara, em vão, a ilha de um sorriso. Era, pois, sob a sombra protetora da antiga árvore que passava os intervalos intermináveis. Tímida, incapaz de reconstruir a teia de afetos, quebrada com a mudança da família, Joana vira naquela árvore o berço que, naquela manhã de primavera, a embalava na leitura das iniciais gravadas no banco que circundava a venerável macieira. Alheada, não viu o rapaz que se aproximava perigosamente de um casulo que ainda ninguém rasgara.
– Olá, és nova por cá! Como te chamas? Eu sou o Rodrigo.
Rodrigo e Joana, Romeu e Julieta… uma luz quente atravessou o coração de Joana, que não conseguiu articular uma só palavra da fórmula de apresentação milhões de vezes ensaiada. Mesmo recém-chegada, a onda de beleza e simpatia que Rodrigo arrastava consigo, já se abeirara da sua árvore. Alto e magro, foram, todavia, os seus olhos, de um azul tão líquido que parecia querer derramar-se, que atraíram Joana como a luz de um farol na escuridão. Apenas dois sulcos vincados e negros nas pálpebras conferiam a este Apolo uma nota de mortalidade. Por isso, quando Rodrigo se afastou, Joana pensou, frustrada, que as ondas são beijo breve e é nesse momento fugaz que temos de lhes sentir o sabor a sal. E, ainda por isso, foi colhida de espanto, quando, no dia seguinte, Rodrigo voltou e ficou debaixo daquele véu de grinaldas esvoaçantes. O rapaz foi demorando um pouco mais a cada dia, até os intervalos começarem a ser demasiado curtos para tudo o que havia a dizer. Até os professores, cientes de que a verdadeira aula era dada todas as manhãs debaixo da macieira florida, ignoravam os atrasos dos dois apaixonados. Após um mês, o namoro era oficial, apadrinhado pelos gomos, frutos perfeitos, despontando carnudos e olorosos no pátio tristonho da escola.
Será curto este parágrafo, da mesma forma que sempre são breves os momentos de felicidade. Deixam, porém, uma marca em filigrana no coração, como o J e o R que Joana e Rodrigo talharam a canivete no banco que abraçava a macieira. E só mesmo estas duas letras recortadas e puras testemunharam, nesta Verona improvisada, os beijos roubados e as conversas tontas, que encheram as tardes dos dois namorados, passadas de mãos dadas a falar do futuro, esse andarilho cioso da sua privacidade, que deixa apenas uma pequena porta entreaberta, pela qual dá para sentir o seu perfume, mas que não deixa ver com clareza o seu interior. Foi já explodindo de frutos perfumados que a macieira assistiu, num silêncio levemente desdenhoso, à despedida dos dois jovens para cumprirem dois meses de férias grandes, oferecendo o seu fruto doce, apetecível, mas adiado.
Quando Joana regressou à escola, as folhas amarelas da macieira vestiam a sua capa de outono. Sentou-se debaixo da enorme copa, à espera de matar a sede na água cristalina dos olhos de Rodrigo, mas, nessa manhã fria, ele não apareceu e, só uma semana depois, Joana viu explicada esta ausência tecida de indiferença. Foi pela mãe de Rodrigo que soube da sua morte, durante as férias, vítima de uma doença que lhe cavara ainda mais os dois sulcos negros. Determinado a fintar a morte, não quisera partilhar com a namorada as sessões de quimioterapia e a queda do cabelo que confiava voltar a ver crescer, salpicados de leves flores de macieira. Contudo, também a morte tem os seus caprichos de donzela e a juventude de Rodrigo era uma conquista irresistível para esta devoradora de sonhos que reclamou o seu troféu já no final do verão, quando as maçãs vermelhas caíam inúteis no pátio. Subjugada pelo desespero desta revelação brutal, Joana deixou de sentir. O que lhe poderia agora ensinar a macieira nos seus vestidos de inverno? Deixou de procurar a árvore e fechou-se num ouriço de recusas que fazia recuar todos os que à sua volta se esforçavam por a devolver à vida.
Assim, só quando o Sol envolveu novamente a macieira no seu vestido de gala, Joana se sentou no velho banco de madeira esverdeada e percebeu uma pequena caixa escondida dentro do tronco da árvore. Sentiu um baque no coração, o primeiro em meses, e agarrou a caixa. Incrédula, encontrou uma carta de Rodrigo. “Para a minha Julieta” eis as letras escritas numa letra firme, que a chuva quase apagara. Mas nem o tempo se atrevia a negar o direito a uma resposta que Joana acreditava ser-lhe devida. Deixou falar a carta que lhe testemunhava o quanto Rodrigo se sentira feliz por a ter conhecido e o quão grato estava por ter sido abençoado com a sua amizade. Atrevia-se mesmo a pedir-lhe que não fechasse o seu coração ao amor. No final, Joana apertou o papel junto ao coração. Sabia agora que o amor era a jangada de afeto que não mais a deixaria à mercê das vagas da solidão. Então, lentamente, o seu coração esvaziou-se do fel de sucessivos aluviões de raiva. Olhou novamente as duas iniciais gravadas no banco e compreendeu que desafiavam a morte, cobertas das frágeis pétalas rosadas da macieira.
Nessa noite, após ter aceitado o convite de Raul para sair, o diário que não fora aberto desde a morte de Rodrigo iniciava com uma frase singular “Naquele momento, aprendi a amar”.
Carolina Paupério, 9º C
(Texto vencedor)
A lição

À primeira vista, parecia um dia normal, típico e monótono. Decidi, então, ir dar uma caminhada para tentar desanuviar de todas as contradições néscias e palermas que afloravam na minha cabeça a cada segundo que passava.
Desde há muito tempo que carregava este peso que adquiri não sei bem porquê e muito menos quando. Era como se, de certa forma, ele estivesse sempre lá. E a cada dia este sentimento de rejeição de mim mesma aumentava e eu não conseguia controlá-lo.
Por isso, numa tentativa de interromper, nem que por alguns segundos, a espiral descendente da minha recusa interior, decidi ir dar um passeio, sem destino ou tempo definido.
Comecei a caminhar lentamente, a focar-me na respiração e a apreciar cada detalhe do mundo em meu redor. Nesta minha marcha demorada, tentei admirar esses detalhes de uma forma mais positiva. Era uma manhã de cores suaves, de brisa fresca e de sol pouco abrasador, que revelava o impetuoso frio que não ajudava a equilibrar a temperatura da minha alma, outrora aquecida, mas que havia algum tempo esgotara o calor da felicidade.
E, numa tentativa de aquecer esta alma enregelada, tentei apreciar o cheiro da natureza, com a característica fragância a flores que, pensando bem, até era muito reconfortante, e a estimar a brisa, que se detinha assim que encontrava o meu corpo e que arrastava ligeiramente as folhas secas, escuras e enrugadas, típicas da estação do ano.
Entretida, a acompanhar o movimento destas folhas amarrotadas, acabei por chegar a um jardim amplo, cheio de choupos desprovidos de folhas, com os seus ramos nus à mercê dos ventos e das chuvas. No centro deste austero jardim, encontrava-se um baloiço velho de madeira, onde uma menina se sentava. Esta tinha faces pálidas, quase até translúcidas, que contrastavam com o seu cabelo negro como o carvão.
Não consegui deixar de reparar nos seus olhos, verdes, que lançavam um olhar vago e misterioso, e que a envolvia numa áurea pessimista e de certa forma negativa. Retive-me para a observar melhor… E não bastou muito tempo para perceber que a rapariga de pele translúcida trespassada pelos quentes, finos e revigorantes raios de sol era eu.
Era eu que me envolvia a mim mesma num clima de negatividade por nenhuma razão aparente...
Perdida nos meus pensamentos, uma gota de água despertou-me para a realidade. Em poucos segundos começou a chover intensamente.
A chuva violenta começou a bater contra o meu corpo, sem misericórdia ou compaixão. Podia fugir dela e tentar abrigar-me, podia colocar o meu casaco por cima da cabeça. Mas não o fiz. Apenas fiquei parada a sentir o peso das minhas roupas encharcadas e a admirar o arco-íris que se havia formado no céu azul e cinzento. E neste momento desliguei-me do real apenas para usufruir do momento. Ao longe, o coaxar das rãs elaborava uma sublime melodia adjacente ao barulho da chuva a bater contra a densa e espessa relva. Inspirei e suspirei algumas vezes. E uma lágrima cristalina caiu, camuflada pelos pingos grossos e densos, a escorrer-me na face. Uma lágrima que continha todas as minhas dúvidas e indeterminações. Uma lágrima pura que fez com que algo em mim voltasse a aquecer.
E naquele momento, aprendi a amar. Aprendi a amar a vida, a amar o facto de poder respirar, sorrir e chorar, de poder amar. Amar-me a mim mesma e aos que me rodeiam. A amar os cheiros, as cores, os sabores e os arrepios. A amar a tristeza porque ela faz com que a felicidade seja ainda mais gratificante. A amar o sangue quente que corre nas minhas veias e a amar o coração palpitante dentro de mim. A dar valor aos que me rodeiam e que me amam. Aprendi que tenho o poder de ser feliz e de fazer os outros felizes. A amar o facto de estar viva.
Naquele dia normal, típico e monótono, eu aprendi a lição mais importante da vida, aliás, aprendi a lição da base da vida: amar e deixar ser amado.
E, a partir daquele momento, eu comecei a viver e não simplesmente a existir.

Beatriz Lima Coelho, 9ºA


Onde o Sol nasceu, 14 fevereiro 2018

Querida Lua,  
Ela. Amo-a? Não sei se é amor, mas é algo que me parece normal e especial, que me parece simples e complexo, que tanto parece um abraço como um aperto sufocante.
Certo dia, apareceu, acompanhada por um sorriso infantil, um sorriso que me contagiou e acelerou, um sorriso capaz de me enfeitiçar. O cabelo negro da cor das rochas com que o mar conversa, os traços femininos e o seu andar deixaram-me afónico e, pelo que me pareceu, deixaram--me apaixonado.
Foram sorrisos, provocações, foram dias, foram noites… Foram muitas as vezes em que ela me invadiu e me controlou. Por vezes, mascarava-se no escuro da noite e aparecia junto a mim no meu quarto, deitava-se ao meu lado e dava-me a mão. Sorria, cantava, e ficava ali comigo no silêncio só a existir, e fazia-me feliz. Outras vezes, dava-me a sua mão macia e levantava-me, punha os braços à minha volta e dançávamos. Enquanto me sussurrava ao ouvido doces melodias, os nossos corpos viajavam no meu pequeno quarto e uniam-se, tornando- se num só. E o quarto iluminava-se, a nossa união era consumada num clarão que me cegava… Estava de novo tudo escuro, eu deitado e ela longe, mas perto, dentro de mim, sempre.
Acreditei… tudo aquilo me enfeitiçou e me fez crer que ela era a tal, que era ela quem me fazia feliz, que era ela quem me estava destinada.
Foram muitos os dias em que a vi sorrir para o chão, naquele seu olhar envergonhado, naquele seu jeito de ser que me desconcertava e me destruía lentamente, um castigo, uma dor que eu precisava para poder sorrir.
E eu via-a diminuir-se para caber no coração daquele que a “amava”, aquele que, segundo ela, era perfeito, que a amava como ninguém.
Lembro-me de uma noite de inverno, em que a chuva resmoneava na rampa da garagem e eu pensava nela, na maneira singular como me olhava, cada olhar que lançava incendiava-me, sem razão alguma, um olhar de relance era o suficiente para me fazer apaixonar cada vez mais por ela.
E aconteceu, o inevitável tornou-se parte da minha realidade e ela apaixonou-se…por ele. Não soube bem o que pensar, de entre os vários cenários que idealizara, este fora o único que nunca tinha sido sequer considerado. O conto de fadas por mim escrito tinha agora um trágico desfecho, num gesto egoísta o destino escolheu punir-me…por amar.
A partir daí tudo mudou. Os planos alteraram-se, um futuro desenhado a traço fino, era agora apagado, avizinhava-se um novo desenho, desta vez, desenhado com amor. Sim, porque no momento em que a vi partir sorrindo, aprendi a amar. Amar tornou-se simples. A minha paixão por ela fazia sentido, amava-a mesmo que esse amor não fosse recíproco, amava-a mesmo sabendo que isso nada alteraria.
O mundo ganhou outra cor, o meu desenho aparecia agora passado a tinta, brilhando com cores vibrantes. Ela estava feliz, como…? Não sabia, mas isso era o suficiente para me deixar feliz, ver a pessoa que amava a sorrir fazia-me amá-la.
Amar por mim e por ela fez com que a minha paixão não se desvanecesse. Ainda hoje a amo, e grito-o: “Amo-a!”.
Diogo Coutinho, 9º A

sábado, 23 de dezembro de 2017

O Natal


O Natal é um tema recorrente na escrita. Desde a era medieval à época contemporânea, cronistas, poetas e escritores assinaram textos associados à magia do Natal.

E Natal é…


Árvore de Natal     

Neste Natal, a minha árvore vai ser diferente.
Armei-a na sala do meu coração, nada virtual, apenas uma opção,
entre o real e o imaginário dessa festa, onde muita gente anda a confundir,
com mais um feriado prolongado de fim de ano.
Queria uma árvore simples, que falasse de esperança, que me lembrasse os tempos de criança, onde eu fui feliz com tão pouco, e o presente era tão simples como um abraço.
Na minha árvore coloquei bolinhas coloridas, que representavam, cada uma delas, uma pessoa, alguém que passou pela minha vida e deixou uma marca.
As primeiras, representavam os meus pais, uma, bem colorida lembrava a minha mãe, com o seu avental pendurado, as mãos ocupadas…o carinho era tanto que fazia a lâmpada acender sozinha!
Uma maior, com menos brilho lembrava o meu pai, com seu modo rígido, mas sempre pronto para dar um abraço, parecia um pisca-pisca de tanta emoção.
Algumas bolinhas eram puras lembranças…
Amigos da escola, a empregada da cantina que me servia com amor, amigos da rua com quem eu brincava, todos formavam uma cascata de luzes, que me remetiam ao passado…
Da minha caixa de Natal peguei numa bolinha especial, linda, colorida e translúcida. Era o meu primeiro amor, algumas lágrimas escorreram pelo meu rosto sem eu perceber…Quantas recordações…
 Mais bolinhas coloridas, pessoas amigas que tanto me ajudaram. Tanta saudade, tanta gratidão…
 Até que vieram as bolinhas descascadas, sem cor, sem brilho, pessoas que eu magoei, que me magoaram, frutos de desavenças estúpidas.
 E foram essas bolinhas que eu quis colocar no alto da árvore, para me lembrar que eu ainda precisava de aprender a perdoar, pessoas que eu preciso reencontrar e acender uma nova luz. No alto da árvore, no centro do meu coração, coloquei a bolinha mais iluminada, que eu segurava como se fosse um relicário, para declarar o meu amor ao Mestre da Luz, para Lhe desejar um feliz aniversário, e para Ele me guiar no meu como a estrela cadente guiou os Reis Magos.



Um Conto de Natal, de Charles Dickens (resumo)

Ebenezer Scrooge é um homem avarento que abomina a época natalícia. Trabalha num escritório em Londres com Bob Cratchit, o seu pobre, mas feliz empregado, pai de quatro filhos, com um carinho especial pelo frágil Pequeno Tim, que tem problemas nas pernas.
Numa véspera de Natal, Scrooge recebe a visita do seu ex-sócio Jacob Marley, morto há sete anos naquele mesmo dia. Marley diz que o seu espírito não pode descansar em paz, já que não foi bom nem generoso em vida, mas que Scrooge tem uma chance, e que três espíritos o visitarão.
O primeiro espírito chega, um ser com uma luz que emana da sua cabeça e um apagador de velas debaixo do braço à guisa de chapéu. Este é o Espírito dos Natais Passados, que leva Scrooge de volta no tempo e mostra a sua adolescência e o início da sua vida adulta, quando Scrooge ainda amava o Natal. Triste com as lembranças, Scrooge enfia o chapéu na cabeça do espírito, ocultando a luz. O espírito desaparece deixando Scrooge de volta ao seu quarto.
O segundo espírito, o do Natal do Presente, é um gigante risonho com uma coroa de azevinho e uma tocha na mão. Ele mostra a Scrooge as celebrações do presente, incluindo a humilde comemoração natalícia dos Cratchit, onde vê que, apesar de pobre, a família do seu empregado é muito feliz e unida. A tocha na mão do espírito tem a utilidade de dar um sabor especial à ceia daqueles que fossem "contemplados" com a sua luz. No fim da viagem, o espírito revela sob o seu manto duas crianças de caras terríveis, a Ignorância e a Miséria, e pede que os homens tenham cuidado com elas. Depois disso vai-se embora.
O terceiro espírito, o dos Natais Futuros, apresenta-se como uma figura alta envolta num traje negro que oculta o seu rosto, deixando apenas uma mão aparente. O espírito não diz nada, mas aponta, e mostra a Scrooge a sua morte solitária, sem amigos.
Após a visita dos três espíritos, Scrooge amanhece como um outro homem. Passa a amar o espírito de Natal, a ser generoso com os que precisam e a ajudar o seu empregado Bob Cratchit, tornando-se um segundo pai para Pequeno Tim. Diz-se que ninguém celebrava o Natal com mais entusiasmo que ele.


Quando um Homem Quiser

 Tu que dormes à noite na calçada do relento 
numa cama de chuva com lençóis feitos de vento
tu que tens o Natal da solidão, do sofrimento
és meu irmão, amigo, és meu irmão

E tu que dormes só o pesadelo do ciúme
numa cama de raiva com lençóis feitos de lume
e sofres o Natal da solidão sem um queixume
és meu irmão, amigo, és meu irmão

Natal é em Dezembro
mas em Maio pode ser
Natal é em Setembro
é quando um homem quiser
Natal é quando nasce
uma vida a amanhecer
Natal é sempre o fruto
que há no ventre da mulher

Tu que inventas ternura e brinquedos para dar
tu que inventas bonecas e comboios de luar
e mentes ao teu filho por não os poderes comprar
és meu irmão, amigo, és meu irmão

E tu que vês na montra a tua fome que eu não sei
fatias de tristeza em cada alegre bolo-rei
pões um sabor amargo em cada doce que eu comprei
és meu irmão, amigo, és meu irmão.

Ary dos Santos, As Palavras das Cantigas, Edições Avante.


terça-feira, 19 de setembro de 2017

Bem-vindos a um novo ano escolar!


Levantei-me… era “hoje”!
O cheiro dos livros novos já há muito chamava por mim, já há muito me convidada a descobrir mil e um segredos, já há muito me sentia tentado a abri-los.
Naquela manhã tudo se desenrolava de forma normal. Era uma manhã idêntica a tantas outras, era uma manhã de setembro, soalheira e morna, mas algo diferente pairava no ar.
O caminho até à escola parecia nunca mais acabar… aquele que sempre percorrera em menos de 5 minutos, hoje não tinha fim.
Durante esse percurso rodaram na minha cabeça centenas de imagens, memórias antigas sorridentes, alegres, e outras mais escuras, tristonhas.
Cheguei à escola… Encontrava-me novamente naquele abrigo, por vezes sem teto, naquele abraço apertado, por vezes sem força, naquela calma, por vezes ansiosa… senti-me bem!
Chegara o dia… Assumia de novo o compromisso…Fingia de novo estar pronto e confiante para algo que, na realidade, me assustava: o começo de mais uma aventura, com marés calmas e tempestades, com amores e “desamores”, quedas e triunfos.
Era ali, respirei e tudo começou…
Diogo Coutinho,9º A

domingo, 30 de julho de 2017

Identidade


“E sou já do que fui tão diferente / Que, quando por meu nome alguém me chama, / Pasmo, quando conheço / Que ainda comigo mesmo me pareço.”
Luís Vaz de Camões

“A verdade é que nós somos sempre não uma mas várias pessoas e deveria ser norma que a nossa assinatura acabasse sempre por não conferir. Todos nós convivemos com diversos eus, diversas pessoas reclamando a nossa identidade. O segredo é permitir que as escolhas que a vida nos impõe não nos obriguem a matar a nossa diversidade interior. O melhor nesta vida é poder escolher…”
Mia Couto

“Identidade é a qualidade de idêntico. É o reconhecimento de que o indivíduo é o próprio. É o conjunto de caracteres particulares, que identificam uma pessoa…”.
Assim, no final de mais um ano letivo, esperamos ter contribuído para a construção da identidade dos nossos alunos, tornando-os um pouco mais ricos de saber, auxiliando-os no desenvolvimento do espírito crítico, levando-os à reflexão sobre si próprios, numa atitude de introspeção, começando pela leitura e terminando na exteriorização dessa análise através da escrita, por vezes, a partir de propostas de carácter lúdico.
BOAS FÉRIAS E BOAS LEITURAS!

AUTORRETRATO CHINÊS


Se eu fosse um animal, seria um pavão, porque sou egocêntrica e tenho uma personalidade um pouco extravagante e chamativa.
Se eu fosse uma árvore, seria uma Ginkgo Biloba, pois, como as suas folhas, tenho diferentes faces e características.
Se eu fosse um rio, seria o Rio Amarelo, porque, tal como este, sou um pouco caprichosa e tenho um “curso” mal definido, cheio de imprevistos e inesperados.
Se eu fosse uma casa, estaria em ruínas, pois penso que não sou responsável o suficiente para tomar conta de mim própria.
Se eu fosse um brinquedo, seria uma boneca de porcelana, para olhar o mundo com os frágeis olhos de vidro.
Se eu fosse uma cidade, seria Seoul, pois é uma cidade inovadora e cheia de ideias, onde existe sempre algo de novo para ver.
Se eu fosse uma flor, seria um lírio, e alegraria os campos com a serenidade do verão.
Se eu fosse um fruto, seria uma líchia, simplesmente por ser um fruto diferente e exótico, que associo ao verão.
Se eu fosse um meio de transporte, seria um avião, para poder voar livre, sem preocupações.
Se eu fosse um dos quatro elementos da natureza, seria o fogo, porque sou espontânea e tenho uma faceta peculiar e estranha.
Se um fosse uma palavra, seria a palavra “Asas” para poder voar para fora do papel, pensar livre e acompanhar as alegres danças do vento.
Se eu fosse um instrumento musical, seria um piano, companheiro de há sete anos, cujas teclas pretas simbolizam os maus momentos e as brancas os bons, indispensáveis para “criar uma preciosa e bela música”.

Joana Filipa Lourenço Cardia, 8ºB



Se eu fosse uma lagoa, seria a Lagoa das Sete Cidades, metade verde, metade azul, por vezes bondosa, por vezes maldosa.
Se eu fosse um rio, teria uma barragem, para assim parar todos os conflitos.
Se eu fosse um dos elementos da natureza, seria o ar, pois é essencial à vida.
Se eu fosse um objeto, seria um lápis de cor, para assim colorir o mundo.
Se eu fosse um meio de transporte, seria um foguetão, para cada vez chegar mais longe.
Se eu fosse um animal, seria um peixe, para conhecer as lindas profundezas do oceano.
Se eu fosse uma cidade, seria Barcelona, cosmopolita e luminosa.
Se eu fosse uma árvore, seria uma cerejeira, com belas flores, capazes de cativar olhares e, por vezes, originar frutuosas e doces amizades.
Se eu fosse uma casa, teria sempre as portas abertas, para que todos, sem exceção, pudessem entrar.
Se eu fosse uma palavra, seria “abecedário”, capaz de com as suas letras escrever todas as frases, transmitir todas as mensagens, encerrar todos os sentidos…

Leonor, 8ºB


Se eu fosse um animal, seria um lobo porque seria livre.
Se eu fosse uma árvore, seria um carvalho porque é alto e forte.
Se eu fosse um rio, seria o rio Febros porque, sendo pequeno, é importante.
Se eu fosse uma casa, teria uma quinta, uma grande extensão de terre, onde me sentiria feliz.
Se eu fosse um brinquedo, seria um urso de peluche para receber abraços de uma criança.
Se eu fosse uma cidade, seria o Porto, porque tem uma história incrível.
Se eu fosse uma flor, seria um girassol para acordar sempre a olhar para o sol.
Se eu fosse um fruto, seria uma pera, porque é doce como o mel.
Se eu fosse um meio de transporte, seria um comboio para transportar todos os dias pessoas em direção aos seus sonhos.
Se eu fosse um dos quatro elementos da Natureza, seria a água porque é calma e corre sem incomodar ninguém.
Se eu fosse uma palavra, seria “universo”, pois tudo gira em seu redor.

Vítor Rafael Elvas Lopes, 8ºB           


Se eu fosse um animal, seria um papagaio, pois a suas cores alegres lembrariam a minha personalidade e porque fala muito como eu.
 Se eu fosse uma árvore, seria uma cerejeira, pois tem tons suaves e o fruto é doce.
Se eu fosse um rio, seria cristalino e brilhante e as minhas águas alojariam muitos peixes.
 Se eu fosse uma casa, seria pequena e acolhedora, pois assim faria alguém sentir-se aconchegado.
Se eu fosse um brinquedo, seria um Beyblade, pois faz parte da minha infância.
 Se eu fosse uma cidade, seria Lisboa porque é atarefada e barulhenta como eu.
Se eu fosse uma flor, seria a violeta, pois tem a minha cor preferida e um aroma muito agradável.
 Se eu fosse um fruto, seria o mais doce, pois transparece a minha simpatia.
 Se eu fosse um meio de transporte, seria um avião pois adoro voar.
Se eu fosse um dos quatro elementos da natureza, seria a Água porque me sinto bem junto dela.
Se eu fosse uma música, seria a “Happy” de Pharrel Williams, pois estou sempre feliz.
Se eu fosse uma palavra, seria o adjetivo “chata” porque é o que melhor me define.

Ana Beatriz Ribeiro, 8ºB    



Se eu fosse um animal seria um elefante, enorme mas amigável.
Se eu fosse uma árvore, seria grande e com densa folhagem, para abrigar toda a gente da chuva.
Se eu fosse um rio, teria um largo leito e seria fértil.
Se eu fosse uma casa, seria um edifício simples, mas confortável, capaz de juntar famílias na sua sala.
Se eu fosse um objeto, escolheria uma lareira, para em dias de frio poder reconfortar as pessoas com o meu calor.
Se eu fosse uma cidade, seria o Porto, uma cidade cheia de mistérios por desvendar.
Se eu fosse uma flor, seria uma rosa capaz de representar o amor e de encantar as pessoas com o meu perfume doce.
Se eu fosse um fruto, seria um morango, tão apreciado em qualquer altura do ano.
Se eu fosse um meio de transporte, seria um avião para poder voar para todos os cantos do mundo.
Se eu fosse um dos quatro elementos, seria a Água, capaz de refrescar e salvar vidas.
Se eu fosse uma palavra seria simplesmente “amizade”, pois é o sentimento que mais valorizo.
8ºB



Se eu fosse um animal, seria uma águia, e voaria bem alto para observar o mundo.
Se eu fosse um rio, seria o Douro e percorreria paisagens belíssimas.
Se eu fosse uma casa, seria um prédio, para alojar muitas pessoas.
Se eu fosse um objeto, seria uma mesa e promoveria a união de famílias.
Se eu fosse uma cidade, seria Nova Iorque, pois é uma das cidades mais belas do mundo.
Se eu fosse uma flor, seria um girassol, sempre em contacto com o sol.
Se eu fosse um fruto, seria uma manga doce como o sorriso de uma criança.
Se eu fosse um meio de transporte, seria um comboio, porque assim poderia conhecer várias paragens.
Se eu fosse um dos quatro elementos da Natureza, seria água, pois, tal como a água, posso ter várias formas.
Se eu fosse uma palavra, seria “ descanso”, tão desejado ao final do dia.

Bernardo, 8ºB


Se eu fosse um fruto, seria um kiwi descascado grande e saboroso que todos pudessem comer com prazer.
Se eu fosse um meio de transporte, seria um helicóptero, pois poderia voar para todo o lado.
Se fosse uma cidade, seria Espinho, muito simpática, organizada e com uma surpresa em cada esquina.
Se fosse uma flor, seria uma rosa sem espinhos, para poder ser apreciada.
Se fosse um dos quatro elementos da natureza, seria a água, pois em certas situações sou bastante neutro.
Se eu fosse um rio, seria o Amazonas tropical e calmo.
Se fosse um objeto, seria uma cama, para passar todo o tempo a dormir e a sonhar.
Se fosse uma casa, seria o castelo da Disney e encantaria crianças e adultos.
Se fosse uma árvore, seria a maior do mundo e passaria a vida com a cabeça nas nuvens.
Se fosse uma palavra, seria «Magia», porque sem ela não existiriam poetas.   

João Oliveira, 8º B

segunda-feira, 24 de abril de 2017

A escrita

A escrita é, sem dúvida, uma ferramenta para comunicar emoções e explorar a criatividade…


Os nossos alunos, mais uma vez, surpreenderam-nos com textos criativos que refletem a sua essência, a sua forma de olhar, de estar e de interagir com o que os rodeia…

Fui engolida pelo medo naquela tarde de julho iluminada pelo sol. Estremeci assim que o meu pé pousou sobre o chão do auditório vazio que em breve se iria encher de vários indivíduos da espécie humana e de corpos dançantes em cima do palco. Desci até às catacumbas do auditório denominadas de camarins e comecei a vestir-me. Processo aquele que significava a mudança, a personificação de alguém que não somos nós. Acho que se chama “encarnar uma personagem”. Desta vez tinha-me calhado uma figura escura, sombria e aterradora. Alguém sem medo de nada, alguém confiante. O problema é que,  embora exteriormente a imagem passada fosse a anteriormente descrita, interiormente os meus órgãos vitais funcionavam mais rapidamente do que o costume, entre eles, o coração, que cada vez batia mais como se fosse saltar fora do meu corpo.
As horas passavam e a minha cabeça colocava questões: “Terei treinado o suficiente?”, “E se eu não conseguir fazer bem as pontas?”, “E se eu falhar?”. O cérebro tem destas coisas, faz-nos rasteira mentais para cairmos. Ele faz isto com maldade? Não, apenas para aprendermos a levantar-nos sozinhos, sem ajuda. E, se a vida é feita de quedas mentais, por que razão sentimos medo de cair fisicamente?
Entretanto, chegou a hora, chegou o momento de deixar estas dúvidas de parte, chegou a altura de respirar fundo três vezes e de não pensar em mais nada. Entrei em palco iluminada pela escuridão, quando, de repente, a música começou a soar das colunas. Era esta melodia e o aparecimento de focos luminosos vindos dos holofotes que indicava o inicio da coreografia.
Hoje, se me pedirem para descrever ao pormenor aquele momento, não vou conseguir, mas uma coisa vos posso garantir, não tive medo, ultrapassei-o. Com o tempo apercebi-me que o medo ainda estava lá,  no entanto, não era um impedimento para alcançar os meus objetivos.
E agora pergunto: Serão os medos os nossos principais obstáculos? Ou somos nós próprios?

Inês Faria, 9ºA


 A morte é garantida. E a certeza mais plena que temos é que um dia tudo isto vai acabar. E, até há uns tempos para cá, era esse o meu maior medo. No entanto, hoje o meu maior medo é morrer sem fazer valer o «dom» que é a vida.
    A morte é um medo geral e, apesar de parecer um pouco ridículo, considero que é ela que dá sentido à vida. Imaginem-se numa vida que não acaba (isto soa até de uma forma estranha porque, para nós, toda a vida tem um fim) mas, nessa vida infindável alguma coisa faria sentido? Na nossa existência atual, temos tendência para adiar tudo: adiar conversas, adiar o estudo, adiar a luta pela conquista. Tendo em conta, uma esperança média de vida de cerca de 85 anos, e se considerarmos que cada ano tem 365 dias, isso significa que no total da nossa vida viveremos cerca de 31.025 dias. Cada segundo conta. A cada batalha que adiamos, o relógio da vida desconta dias e, a cada dia passado, a nossa margem de manobra fica cada vez mais curta. Se a vida fosse infinita, não existiam seres humanos capazes de mudar o mundo (porque não era necessário mudá-lo) e sonhos, amor, paixão tudo isso seria inexistente. Percebem agora por que é que a morte dá sentido à vida? Então, vamos fazer com que a morte tenha medo de nos levar!
 A morte é pálida, é amargurada, é triste, é medonha, é fraca. A morte é o início do fim. Do nosso fim. Do fim da nossa conquista. A morte é até bipolar: por um lado, faz-me querer viver mais a cada segundo, faz-me até ser mais feliz, porém, nunca lhe perdoarei a crueldade de levar para longe de mim aqueles que mais amo. No entanto, hoje, nesta sala de aula impessoal, mas que ao mesmo tempo me diz tanto pelas pessoas que a preenchem, olho pela janela, onde encontro a esperança para derrubar todo o medo que tenho do fim. Contudo, imponho a mim mesma a determinação de que, quando morrer, partirei de coração cheio.
Filipa Moreira, 9ºA


Medos comuns, todos os temos, presenciamos e sei como me sinto, quando o receio é maior que a minha força de vontade. Por vezes, parece que há algo que nos impede de reagir…  
 Eu tenho medos, sei que os meus pais têm medos e tenho consciência que talvez o maior temor deles é que os «deixe», levar o meu pensamento comigo e apenas restar a mobília em memória de tudo o que vivi naquele pedacinho de mundo. Já senti rejeição por parte de muitas pessoas e essa é uma das minhas maiores fraquezas. Lidar com este sentimento, aterroriza-me. É algo que me persegue desde sempre. Não me quero lamentar, mas não tive uma infância cor-de-rosa, muito pelo contrário, os meus pais eram divorciados e houve sempre alguém que me cortasse as asas.
Um episódio que me marcou foi quando entrei para o infantário e, mesmo passados tantos anos, ainda tenho a memória fresca de como tudo e todos eram. Os tetos e paredes eram brancas, havia desenhos e pinturas por toda a parte, tralha, bonecos, espalhados numa sala fria e um imenso espaço livre com baloiços, escorregas e tudo o que uma criança necessitava para se divertir e esfolar os joelhos. Não tardou muito até um grupo considerável de raparigas, inconscientes do poder da palavra, me começarem a insultar e transformarem todas as minhas qualidades em defeitos. Não tive coragem de lhes fazer frente, nem nunca contei nada a ninguém, nunca chorei nem nunca ousei temer a sua presença, apenas receava as palavras. Com o passar dos tempos, as palavras tornaram-se em agressões. Palavras leva-as o vento, as ações ficam marcadas para todo o sempre… Mais tarde, tudo isto passou e, quando sinto que tenho necessidade de contar a alguém um pouco do que vivi na infância, muitos não se acreditam, já que tenho uma mente e espírito tão fortes e talvez tenha sido esta experiência que me ajudou a ser quem sou hoje.
É fácil dizer a uma criança, adolescente ou até mesmo adulto para não tolerar certos comportamentos, atos, atitudes e muitas vezes o maior medo delas, que, por sua vez, também foi o meu, é a reação da pessoa a seguir ao confronto.
Eis um conselho: não temam!... A vida é como um cigarro, por vezes, acaba a meio ou em cinzas…
Maria Ferro, 9ºA


E lá estava ela, outra vez… O momento infernal que me atazanava a cabeça, sempre que esta atividade era proposta. LER, em frente da turma, mais especificamente, os meus textos. Abominava-o. Sentia que parte de mim estava a ser exposta, já para não falar que a vítima, de todas as vezes, levava com os olhos curiosos em cima. Ainda me lembro do dia em que tive de o enfrentar.
Respirei fundo antes de entrar na sala familiarmente fria. Estava tudo na mesma… As mesas estavam dispostas em fila. O chão, outrora sujo, agora brilhava. As janelas estavam embaciadas pela humidade.
À medida que nos fomos sentando, a professora começou a chamada. Felizmente havia uma ordem, começávamos, normalmente, por aqueles que tinham mais dificuldades. Portanto, ainda dispunha de algum tempo (pelos menos era assim que pensava). O tempo passava, mais pessoas iam lendo, mais nervosa eu ficava. Não era o nervosismo das borboletas… era como se por cada minuto que passasse, outro pedacinho da minha alma fosse sugado para o universo.
Contudo, eu tinha táticas para adiar a minha vez… Escondia-me atrás do colega à minha frente ou fingia que ainda estava a escrever a dita composição. No entanto, o resultado seria o mesmo. Mais tarde ou mais cedo, eu teria de ler. A minha última esperança era esperar que tocasse para o intervalo.
Mas foi então que eu ouvi o meu nome. Congelei durante alguns segundos e, depois, lentamente, olhei para a professora. Estava calma, parecia uma jogadora de póquer. O seu tom de voz era sereno, mas eu sabia que havia uma insistência e um pouco de aborrecimento escondidos nele. Acontecia a mesma coisa uma e outra vez. As desculpas eram escusadas. A professora era teimosa e não desistia (secretamente agradeço por isso). E então lá comecei. Senti os olhos a cravarem-se em mim. Tentei ignorá-los. As palavras saíam-me da boca a medo. Havia pausas, porém, recomeçava. Já no meio do texto, lágrimas brotaram-me dos olhos. Era difícil, já fazia isto tantas vezes, no entanto, o grau de dificuldade era o mesmo… Eu queria parar, contudo, não podia. No final, com a respiração irregular e a cara provavelmente vermelha, sentia-me como se os pedacinhos da minha alma voltassem, lentamente, para o meu corpo.
Este medo designa-se por literofobia. Naquele dia, venci a batalha, mas a guerra continua...
Marta Mocho, 9ºD


É inevitável adormecer, seja para um sono de 3, 10 ou um número infinito de horas, ou porque fomos “puxados” por ele ou porque ninguém nos impediu. Até ao dia em que…
Provavelmente já passava das duas da manhã – o meu quarto estava escuro, silencioso e vazio; ainda assim, sabia onde tudo se encontrava: à minha esquerda, junto à cabeceira da cama, a biblioteca é a pilha de sonhos; já do lado direito, a mesa com o relógio é o companheiro de insónias, e o armário, esconderijo de memórias. Em frente, a secretária com livros que não são nada, só entretenimento provisório. No escuro, não me veem. Não há sorriso forçado ou gesto fingido que me valha, só verdade, crua e nua. A cama estava demasiado quente e os lençóis, outrora frescos, sufocavam-me contra o colchão. Olhei para o relógio – duas menos um quarto. Tinha prometido que não voltaria a fazê-lo, porque, depois de tantas noites assim, já era especialista em medos inventados e, quanto mais tarde fosse, mais longínquas as pálpebras ficavam.
Subitamente, todo o ambiente piorou: o quarto ficou mais quente, os lençóis mais sufocantes e o escuro mais penetrante. É o problema de medos que não existem, se acreditarmos muito que existem, tornam-se realidade. Nunca entendi o seu motivo até àquela noite, quando não me levantei e fui capaz de esperar –  silenciosa e vazia – que algo me levasse, mesmo que estivesse a quebrar: a Lua só leva pessoas prestes a partir e, como já estou partida, acho que nunca me quis para que me regenerasse e, dessa forma, o Sol me quisesse acordar.
Este medo não tem nome e diria que se devia a ter sido inventado, mas penso que todos os medos são assim…
Beatriz Sampaio 9ºD


Chamo - me Sofia Capelas e tenho doze anos de idade. Crescida já sou, só ainda não sei para onde vou…
A minha pele é clara, transparente e tenho nariz médio e redondo. Os meus lábios são finos, repletos de mimo.
Os meus longos cabelos castanhos, ondulados, abundantes e lustrosos escondem qualquer ponta de pensamentos inseguros, no entanto, esses refletem-se nos meus olhos.
Possuo uma aparência bastante calma, porém, por vezes, sou um pouco nervosa, pois irrito-me com facilidade, mas também num instante me passa. Contudo, sou carinhosa, amiga do meu amigo, inteligente, um pouco tímida e envergonhada e procuro ser sempre imparcial.
Considero-me uma jovem sociável, mas não dou confiança a qualquer um que se aproxime… Para terem a minha confiança, têm primeiro de fazer por a merecer.
Nos tempos livres, gosto de ler, ir ao cinema, à praia, passear, ouvir música e jogar computador.
Adoro viajar e, como tal, gostava de conhecer o mundo. Para mim, viajar é como ler, expandir horizontes…
Gosto muito de chocolate! Considero-o um pedaço de céu, é tão docinho e bom que sou capaz de pensar que estou nas nuvens quando o saboreio.
Os meus sonhos são como o Universo, infinitos!...
Sofia Capelas, 7º A
Sou a Matilde, uma rapariga de 12 anos de estatura média e personalidade forte, mas, ao mesmo tempo, sensível.
Tenho cabelos cor de carvalho  e olhos da cor da terra acabada de regar, cara feliz e radiante, apesar de, por vezes, angustiada. Bochechas rosadas são o que me define.
Sou desportiva, engraçada, compreensiva, sempre pronta a ajudar e só perco a esperança quando já não há solução.
Nunca haverá ninguém que me descubra totalmente, pois sou complicada.
             
Matilde Silva, 7º A

Chamo-me Gonçalo Marques, um estudante português, de cabelo cor de ouro e nariz pequeno como o meu tamanho.
Simpatizo com todas as pessoas e para rir é comigo, mas não pensem que sou palhaço, pois falo a sério sempre que é preciso.
Sou magro, mas recheado de ternura. Os meus olhos são da cor do mar, e os meus braços têm um ombro amigo pronto a ajudar…

Gonçalo Marques, 7º A