quinta-feira, 31 de julho de 2014


Chegou ao fim mais um ano letivo. É tempo de descanso… de outras viagens… de boas leituras… de inspirados momentos de escrita…
É hora de desejar ótimas férias a todos os alunos.
E, para os nossos finalistas do 9º ano, deixamos aqui um texto que reflete o prazer de um trabalho conjunto, num percurso de três anos, e as emoções de uma partilha constante cujo balanço final se revelou francamente positivo!
Resta-nos desejar-vos as maiores felicidades para a nova etapa que se avizinha e esperamos que os «beirais» que vos acolheram nestes últimos anos vos tenham munido da força necessária para efetuarem altos e arrojados voos!...
As professoras: Isabel Cristina e Marta Costa




Migrações
As andorinhas chegaram em bandos e, com os seus chilreios, acordaram os mais adormecidos. O seu canto era melodioso, jovem e, sobretudo, muito feliz... E invadiram os corações de alegria num transbordar de felicidade. Instalaram-se, então, nos beirais de um edifício de linhas austeras, mas sempre renovadas pelos tempos. E, numa azáfama de andorinha, construíram laboriosamente os seus ninhos. Pouco a pouco, os beirais enfeitaram-se e, orgulhosos dos seus novos habitantes, tentavam protegê-los, acarinhá-los e, juntamente com os progenitores, ensinar os mais inexperientes a voar. As andorinhas cresciam, cresciam... em tamanho e conhecimento... Os beirais ensinavam e aprendiam... Andorinhas e beirais faziam parte constituinte daquele edifício, agora decorado pela vida que transformara os traços severos em contornos modernos e acolhedores. Mas a Primavera chegava ao fim e, as andorinhas "já sábias", abandonavam os beirais com olhos flamejantes de sonhos e de projetos de futuro! Os beirais, esses tinham aprendido um pouco mais e, embora com mágoa da nostalgia que fica, libertavam as andorinhas, esperando ver, nos seus voos seguros trajetórias retilineamente traçadas. Aos beirais, restava-lhes um consolo: esperar pela próxima Primavera e pela chegada de outros bandos que nunca poderiam substituir os que partiam, mas que seriam recebidos com o mesmo afeto, ensinados com o mesmo amor, numa procura constante da aprendizagem, do companheirismo... Despediram-se, então. As andorinhas partiram com lições de vida e os beirais ficaram, orgulhosos e confiantes da sua tarefa. Havia tristeza nos olhares que trocavam, mas também a cumplicidade de quem habitara um mesmo edifício e o animara de vida, som e cor... E numa derradeira atitude de tutor que se despede dos seus pupilos, os beirais, por último, acenaram: - Sejam felizes!
Isabel Cristina Ferreira in Poetas… Às vezes…