terça-feira, 23 de julho de 2013

Quando os animais são os protagonistas….


Para terminar este ano letivo, divulgamos aqui alguns textos de alunos do 8º ano que, à semelhança de todos os colaboradores deste blogue, nos surpreenderam pela sua criatividade e qualidade de escrita no tratamento do tema proposto.    

Boas férias e boas leituras...

 

Quando os animais são os protagonistas….

No reino dos animais também podem acontecer histórias fantásticas…

 

 

Vontade de voar

          
  As borboletas são, certamente, um dos animais mais belos e magníficos do espaço finito que foi dado a conhecer a muitos de nós, a Terra, e nela voam sobre as nossas almas perdidas e quase insignificantes muitas centenas de espécies destes pequenos seres que muito dificilmente conseguem passar despercebidos.

            Como meros mortais ignorantes, pensamos que está tudo abaixo de nós, principalmente os seres pequenos e graciosos que são as borboletas, mas, por vezes, podemos também invejá-las, pois a dádiva do voo é algo extremamente raro.

            Sim, voar, um dom deveras cobiçado e, por vezes, por irresponsabilidade humana,  ceifado maleficamente a estes seres tão        inofensivos. É assim que introduzo a história de Summer, uma Colobura dirce, ou seja uma dádiva que nos foi oferecida pela Natureza e, nós, de forma negligente, pensamos que o seu objetivo era saciar os nossos olhos com a beleza inquietante desta borboleta com listas de zebra pintadas em ambas as asas. Summer sofreu um acidente terrível que fez com que não pudesse deslocar-se a partir do voo, e isto aconteceu numa tenebrosa noite de outono em que Summer escapou por pouco de ser emoldurada por um “caçador furtivo” sem sentimentos.

            Eu presenciei aquela cena e, apesar de ser só mais uma borboleta (que é um estereótipo muito usado pelo Homem), não pude evitar que algumas lágrimas cristalinas caíssem dos meus olhos, porque, afinal, o que estamos a fazer ao planeta? O que fizemos a Summer? Esta bela criatura nunca na sua vida poderá voltar a sentir aquela liberdade que o voo lhe transmitia… então o que lhe resta? Morrer será a única solução, porque viver assim, incapacitada, é algo que nenhuma borboleta aguenta, pois elas são feitas ao mais pequeno pormenor, de forma que possam sobrevoar o céu, conhecer o mundo e, consequentemente, viver, viver do único modo possível: sendo felizes!

Mariana Lima, 8º D

 

Uma Lição

Um cão chamado Ricky caminhava à beira de um rio, saboreando o seu delicioso e vermelho naco de carne.

O rio era cristalino, à volta encontravam-se várias rãs, que pareciam estar bastante atentas, variados tipos de cogumelos, arbustos, árvores e flores exóticas.

De repente, ao olhar para o lado, reparou que havia outro cão que o acompanhava, também com um belo naco de carne na boca, possivelmente maior do que seu.

 Ricky, como era forte e decidido, resolveu imediatamente atacá-lo, assim, poderia acabar o dia com dois bocados de carne em vez de um.

No entanto, no momento em que saltou em direção ao outro animal e abriu a boca para mostrar os dentes, a carne que levava caiu à água.

A imagem do outro cão desapareceu e tudo o que ele conseguiu foi ficar molhado num dia frio de inverno.

Na verdade, o seu companheiro de viagem era apenas a sua própria imagem refletida na água!

Quando o Ricky quis recuperar a carne, viu que ela tinha sido levada pela corrente, e ali ficou, triste e molhado, mas aprendeu a lição de uma vez por todas: Quem tudo quer, tudo perde!

Joana Gomes, 8ºE


A minha vida

Hoje vou contar-vos como cheguei até aqui. Vocês perguntam “Aqui, onde?”. Eu respondo, leiam para perceber.

Estava um dia belo no Alentejo, mas eu não tinha liberdade para explorar, nem sequer para sair da quinta onde me encontrava. Apesar de ser uma vaca, sou também uma aventureira e gosto de me divertir.

Nesse dia, o agricultor deixou aberto o portão da quinta.

Ele era um homem alto, magro, de cabelo encaracolado e ruivo, vestia uma camisola vermelha, com a frase “Agricultura é fixe!”, usava calças de ganga e botas de couro.

Eu aproveitei a ocasião e fugi. Algo que foi muito criticado pelos outros animais.

Viajei durante dias, meses… Dormia junto a árvores com animais de olho em mim.

Num dia em que chovia intensamente, encontrei um miúdo de cor negra e de uma simpatia que me cativou. Levou-me até sua casa, onde me acolheu de uma forma imprevisível. Em vez de me tirar leite, esfregou-me o pelo, em vez de me obrigar a andar no mesmo terreno durante dias, deixou-me livre para fazer o que quisesse. Isso deu-me uma alegria incalculável e uma emoção inimaginável. Os meus olhos brilhavam como raios de sol a refletir-se na água.

Adorei a forma como me tratou. E aqui estou eu, livre para viver, e só espero deixá-lo quando Deus me quiser levar para o céu azul e cheio de mistérios.

 

Filipe Real, 8º E

 

Silverestin

Nas águas profundas do oceano, vagueava uma criatura bela como o sol da meia-noite, os seus olhos eram brilhantes como pérolas brancas, os seus tentáculos sublimes como a brisa da tarde, e o seu espírito livre como as ondas do mar. Silverestin era um polvo, mas intitulava-se de “Silver, a criatura do mar”. Ao contrário dos outros, Silver apreciava todos os bons momentos da vida, sabia que todos os dias eram uma aventura, que a vida era um mistério por resolver, apreciava o silêncio profundo do oceano imenso, apreciava o movimento da água, que o fazia sentir livre e em paz, era sábio, mas sentia não saber nada, nada de nada, sentia-se vazio, em busca de salvação, mas ninguém estava lá, ninguém a quem se agarrar…

Apesar de se sentir só, não conseguia partir, pois tinha demasiado receio de avançar, de confiar, de sentir, de amar… Pensava que nada sabia, mas Silver sabia demais, sabia que se se desse ao luxo de confiar seria magoado, traído, abandonado… Silverestin não tinha ninguém, mas recusava-se a ter alguém.

 Um dia, Silver viu algo que mudou toda a sua vida e o fez ver o mundo de outra maneira, no meio da escuridão, viu algo a brilhar, tão brilhante como o céu em noites estreladas. No início, pensou que seria uma espécie de anjo, a entregar-lhe a salvação, mas depois viu que era apenas uma pequena estátua, então, não olhou para trás e continuou o seu caminho. Durante muitos anos, Silverestin pensou que nunca conseguiria preencher o “buraco” que tinha no coração. Até que, um dia, viu algo a cintilar, era a estátua, agora mais nítida, esta mostrava a figura de um homem e de uma mulher a dançar, mas o que realmente chamou a atenção de Silver foi o facto de a mulher estar abandonada nos braços do homem, mostrando uma sensação de paz e liberdade. O homem mostrava confiança, amor… Foi então que Silver percebeu que se nunca confiasse em ninguém, nunca seria verdadeiramente feliz, pois, apesar de ter paz, sabedoria e liberdade, nunca teria amor verdadeiro, do mais puro que existe.

No dia da sua morte, Silverestin deixou toda a sua confiança nas ondas do mar, deixou também com ela o seu bem mais precioso, a sua felicidade.

Rita Garcia, 8º E



Porquê?

Passou um dia desde que me tiraram tudo. Tudo. Eles são maus, cruéis, não lhes corre sangue naquelas veias! Eles não têm escrúpulos, das goelas só lhes saem gritos estridentes e escuros e nos olhos só lhes capto o vazio. Colocaram-me aqui, nestas grades, num espaço tão minúsculo que mal me consigo mover. Cheira a madeira queimada, a carne franzina e podre, e está tudo muito sujo, como é habitual depois das cheias. E eu tenho a cabeça cheia de perguntas e de confusão e de medo. E não entendo porquê. E há outros como eu, atrás de grades como as minhas, de olhos húmidos e pelo seco e retraído, com um ar muito mais carregado do que o meu e um segredo pesado nas orelhas descaídas. E olho para eles todos, e eles olham todos para mim, e nenhum bicho vê nada de nada.

Mas, hoje, as grades abrem-se.

- O tigre, sim! Traz o tigre para a arena. – grita um dos que têm duas pernas.

Outro abre o meu espaço, corta-me a respiração com um metal redondo e arrasta-me para a areia.

Passo a minha tarde a aprender nomes de armas e a senti-las no meu dorso. Aprendo a saltar por um arco em chamas ridículo, a subir para uma plataforma tão colorida que se torna desprezível, aterrorizado pelo bradar descontrolado dele e o arpão e a dor que sinto quando ele me bate e obriga a fazer estas coisas sem eu entender porquê, enquanto me lembro do orvalho e do nascer do sol e do cheiro a carne fresca acabada de caçar.

Estou tão indefeso agora, tenho mais medo deles do que eles poderiam ter de mim.

E lágrimas, que o brutamontes deve confundir com água, escorrem-me pelo focinho e molham o piso, o vazio nos olhos dos outros é agora por mim compreendido.

Deixo-me cair no chão, a respirar sofregamente e a sentir o sangue nas patas.

Ele grita-me, dá-me com o chicote, pontapeia-me o pescoço. Mas eu já não o estou a ouvir nem a sentir, eu estou a perguntar-me porquê, eu estou a tentar lembrar-me de rostos e de cheiros, eu estou imóvel como uma rocha.

Estou cheio de perguntas, só isso. Dor e perguntas. Porquê?

 

Sofia Magalhães, 8º E

OS TRÊS GRANDES

Era uma vez um grande dragão chamado Nuno que vivia numa ilha desconhecida por muitos seres humanos. Uma ilha que só era conhecida no mundo dos sonhos e da imaginação, o que levava a que muitas pessoas não tivessem passaporte de entrada, pois a sua imaginação não era suficiente.

Nuno era um dragão bastante forte, habituado a dificuldades. Por vezes, era agressivo, mas lá no fundo era um bom dragão. Era alto, robusto e ganhador. A sua cor preferida era o azul. Podemos dizer a seu respeito que, no mundo da imaginação, era amado por muitos.

A bonita, extensa e imaginária ilha onde Nuno vivia era partilhada por dois outos animais seus “amigos”, uma águia chamada Luís e um leão chamado Bruno. Três animais diferentes, mas com objetivos comuns.

Luís era uma águia determinada, forte, rápida…O seu ponto forte era a estratégia. A sua cor preferida era o vermelho. E podemos afirmar que era uma águia bastante sortuda, pois tinha Jesus a seu lado.

Bruno, o leão, era igualmente forte e destemido, com garras afiadas. Porém, o rei da selva, era considerado o mais fraco dos três. A sua cor preferida era o verde. E podemos concluir, que, ao contrário da águia, não tem tido muita sorte, pois este ano não saiu vitorioso de muitos confrontos.

Os objetivos do dragão, assim como os da águia e do leão, eram os mesmos. Todos lutavam pelo território e conquista do tesouro. Lutas corpo a corpo decidiam o melhor e o campeão do trio.

Na temporada de 2012/2013, após confrontos que pareciam batalhas tenebrosas, decidiu-se que o detentor do tesouro seria o dragão. Apesar da águia e o leão ficarem desolados, nunca se saberá qual dos três grandes é o melhor.

Gostava de ter imaginação suficiente para poder assistir a tão míticos e equilibrados confrontos como os que acontecem naquela ilha!

Jorge Gomes, 8º C
 

Mudança de pele, mudança de vida?

Um fio de luz conseguia atacar o pequeno covil, instalado entre duas pedras. A estrutura estava muito bem edificada e escondida dos olhares dos seres que pudessem ser fatais para a imponente criatura que lá se refugiava.

A anaconda ergueu-se, resvalando contra as pedras para poder escapar do seu abrigo, estendendo a sua cauda de porte majestoso, e exibindo a sua beleza sublime e perigosa.

Algum momento importante se aproximava. O animal sentia-o. Uma das muitas qualidades do reino animal era a selecção de memórias. Todos os momentos realmente importantes eram carregados de forma vitalícia, mas não esquecendo as pequenas lembranças. Os humanos nem sempre faziam isso.

O réptil silvou, exibindo as suas mandíbulas poderosas, ouvindo um resfolegar, seguido por um praguejar meramente humano. As pupilas, que estavam cobertas por uma ligeira camada encarnada, pareciam inflamadas.

Era a época das caçadas. Uma equipa do governo regional de Sheld decretara que todos os anos haveria uma época em que se extinguiriam os “monstros de Sheld”. Era mobilizado muito dinheiro para estas campanhas. Afinal, era tudo sobre dinheiro. Era tudo um negócio, para conseguir matéria-prima para as grandes indústrias têxteis de luxo. A pele de anaconda era resistente e bonita, logo dava muito lucro. E ainda as intitulavam, às anacondas, de monstros!

A anaconda galopava, deslizando de forma a tentar escapar, já que tinha sido detetada.

Não seriam eles, os humanos, os monstros? Monstros que haviam subjugado a natureza e dominado tudo o que a constituía? Ou seriam eles superiores, como alegavam? Estariam eles realmente destinados a comandar o destino do planeta? Teriam eles algo que os elevasse a uma categoria superior? Seriam especiais?

A anaconda observou o vulto a aproximar-se e arqueou-se, atacando-o e cravando as suas mandíbulas no crânio do homem, esmagando-o e fazendo com que sangue jorrasse e manchasse o tapete de terra. A anaconda observou o moribundo... eram apenas pedaços de carne e vasos sanguíneos. Não eram especiais!

O chão tremeu enquanto a cobra se deslocava, emitindo silvos agudos. O ar vibrou à volta do réptil quando algo voou, desenhando um arco, e aterrou no corpo da anaconda. A cobra caiu, finalmente morta, entre suspiros dos caçadores. Estes agacharam-se, tentando respirar através da poeira que se levantava. Mas, ao aproximarem-se do corpo morto, repararam em algumas anomalias da pele da anaconda. Estava, ou estaria já, se estivesse viva, a dar-se a mudança de pele. Era quase como um aviso. Eles deveriam também mudar. Bastava quererem afastar o que os impedia de mudar, tal como a anaconda tentara afastar as balas que a impediam de mudar a pele e rejuvenescer.

Bastava sonhar e acreditar! Mais uma lição da natureza. A Humanidade deve aprender e viver com ela!


Nuno Aguiar, 8º D

Jacob, o cão que salvou o mundo

 
            Num mundo alternativo, os animais têm um papel muito mais importante do que pensamos. Estes amigos salvam-nos constantemente das forças do mal e, para que lhes deem mais importância, venho contar-vos a história de um agente da A.I.M (Animals In a Mission), o cão Jacob, que salvou o mundo.

            Jacob, um dos mais recentes agentes desta agência secreta, passou na recruta com bastante sucesso e começou por fazer pequenos trabalhos: prender ladrões, ajudar velhinhas a atravessar a rua, entre outros… Para grande desagrado de Jacob, a ação parecia nunca mais chegar, até que, num dia quente de verão, Jacob foi chamado ao gabinete do diretor da A.I.M, um poodle branco chamado Leon, e foi informado que tinha sido escolhido para liderar uma missão bastante importante com o objetivo de deter Hector, um hamster que fora geneticamente modificado em laboratórios e queria dominar o mundo e destruir a raça humana. Ao fim de longos meses de investigação, Jacob e a sua equipa encontraram a sede secreta de Hector e, ao fim de uma tenebrosa luta, este malvado hamster foi detido e levado para uma prisão de alta segurança de onde nunca mais sairia. Enquanto isso, Jacob e os seus amigos estão a desfrutar de umas belas e merecidas férias no Hawai.

            Agora que sabes a verdade sobre os teus amigos de quatro patas, estás pronto para enfrentar novos desafios com eles?

Marta Sousa, 8º A

 

De acrobata a heroína

O meu nome é Lara e sou um golfinho de quatro anos. Tenho uma pele sedosa, acinzentada, olhos cor esmeralda e o som que produzo é comparado às belas melodias. Todos me acham encantadora, muito curiosa e fico vaidosa quando me aplaudem.

Habito num tanque onde a água é muito cristalina e não existe qualquer poluição. Comigo vivem a minha família e somos muito felizes. Passo os meus dias a ensaiar acrobacias e a minha parte preferida é quando os meus treinadores me dão sardinhas como recompensa.

No inverno, passo os dias a treinar para que no verão possa mostrar as minhas habilidades aos meus espetadores.

O espetáculo dos golfinhos, do qual faço parte, é internacionalmente conhecido e, por esse motivo, o local onde habito é muito visitado.

Numa tarde de Verão, durante uma sessão em que duas crianças, escolhidas entre o público, tiveram a possibilidade de entrar no nosso pequeno barco, uma delas assustou-se, levantando-se repentinamente e acabando por cair à água. Vendo-a muito aflita, dirigi-me de imediato para ela e, com o meu focinho, consegui empurrá-la para o meu dorso e trazê-la até à superfície.

O mais gratificante foi ver toda a gente a aplaudir-me de pé, e o pequeno a agarrar-se a mim, vendo-me, possivelmente, como a sua heroína.

Nesta experiência, consegui juntar as duas coisas que mais gosto e me alegram: fazer as pessoas felizes através das minhas habilidades e salvar os mais pequeninos.

Mariana Correia, 8ºC

 

Cuca, do início maravilhoso ao fim desastroso

Foi numa manhã de outono que tudo aconteceu, quando uma criança muito alegre entrou na loja e me fixou com um olhar tão doce que me fascinou. Esta menina era muito meiga e vinha adotar um pequeno cachorro para passar a ser o seu fiel companheiro. Decidiu, então, percorrer toda a loja e ver um cão de cada vez, sem pressas, deixando-me impacientemente para último. Após muito tempo de espera, ela chegou perto de mim, pediu para me fazer uma carícia e escolheu-me. Eu era um cão pequeno, com apenas um mês, era castanho mel, tinha olhos verdes, era um labrador e não tinha nome, mas essa questão foi tratada em breves momentos, pois, quando já estava dentro de uma caixa no banco do carro, Matilde decidiu que iria chamar-me Cuca.

 Levaram-me para casa, deram-me banho (a coisa que eu mais odeio), comida e colocaram-me a dormir na cozinha, sentia-me um cão muito feliz, seguro e protegido com uma família e um lar.

Certo dia, Pedro, um primo de Matilde, estava a brincar comigo e roubou-me um dos meus brinquedos preferidos (a bola vermelha de esponja) e eu não gostei, corri na direção dele e mordi-o. Foi, então, a partir desse dia, que fiquei preso por uma corrente no pátio, fizesse chuva, sol ou vento, não tinha um teto para me cobrir e, muitas vezes, passava fome.

Meses depois, já eu tinha completado um ano, os meus donos e Matilde libertaram-me da corrente e eu fiquei tão contente, tão radiante que dei saltos de alegria. Pensei que fôssemos passear, pois abriram a porta do carro para eu entrar, fecharam-na de seguida e ainda andamos bastante tempo. Até que chegamos a um sítio que não conhecia, o pai da Matilde saiu do carro, abriu-me a porta e eu comecei a correr, porém, mal saí, este fechou a porta e desapareceu. Corri atrás do carro com todas as minhas forças, a minha angústia aumentou ao perceber que o carro se afastava cada vez mais e não parava, com isto concluí que me tinham abandonado.

Procurei, em vão, achar o caminho de volta a casa. Deitei-me no passeio, perdido, e ali fiquei. Algumas pessoas de bom coração que passavam davam-me algo de comer por verem a minha tristeza. Passados alguns dias, passei por uma escola e vi muitas crianças, uma delas parecia-me Matilde, corri na sua direção e foi então que levei com muitas pedras vindas das crianças que me estavam a mandar embora, uma delas atingiu um dos meus olhos, deixando-o cego.

Quase não me consigo mover. Hoje, ao atravessar a rua, fui atropelado. Pelo que sei, estava num lugar seguro, a passadeira, mas nunca mais me vai sair da cabeça a imagem do olhar de satisfação do condutor. Podia ter-me morto, esta dor é terrível e insuportável, as minhas patas traseiras não me respondem e, a muito custo, arrastei-me até à beira da estrada.

 A maior parte das pessoas passa e não me vê, eu estou praticamente inconsciente, mas algo me fez abrir os olhos: diante de mim uma bonita senhora cuja voz doce me fez reagir. Esta telefonou para um hospital veterinário e o socorro chegou de imediato, o médico observou-me e disse que já não havia nada a fazer. Foi então que começaram a escorrer lágrimas pelo rosto belo, comprido e pálido daquela amável estranha. Da maneira que pude, abanei a cauda como sinal de agradecimento, e senti somente uma picada da injeção e dormi para sempre, pensando: Para que que nasci, se ninguém me queria?

Mafalda Pereira, 8ºE

 

Coragem de Rinoceronte

Na longínqua e perigosa floresta de Madagáscar algo de especial estava a acontecer. A agitação era sentida como se fosse uma brisa inquieta de ar quente vinda do continente. Era um dia diferente dos outros. Mais luminoso, mais húmido, apenas diferente.

O pequeno rinoceronte, recém-nascido, sentiu desde o primeiro momento que o seu nascimento tinha uma razão de ser. Sentia-se forte como um leão, veloz como uma chita e o melhor de todos os animais da selva. O seu nome era Allan e durante o seu crescimento foi muitas vezes avisado pelo pai para não correr riscos desnecessários, já que a selva não era um lugar fácil para um rinoceronte.

Numa noite fria e tenebrosa, Allan decidiu ir desafiar a selva à luz da lua cheia. Não se preocupou em avisar o seu pai, Bali, pois sabia que este iria proibi-lo.

Entrou na selva sem temor nem precaução. Era a noite da sua emancipação e afirmação como um adulto valente. Desde sempre achou que o pai exagerara nos conselhos e, pela primeira vez, teve a oportunidade de constatar que a selva era um lugar perfeitamente ao seu alcance.

 A sua majestosa e inabalável autoconfiança foi interrompida pelo barulho de passos no meio da vegetação. Duas pérolas brilhantes destacavam-se no meio das folhas rasteiras, graças ao reflexo do luar. Um rugido ensurdecedor fez tremer a terra e as árvores, e fez surgir o medo que o jovem Allan pensava não existir.

Por detrás do rugido, as pérolas brilhantes cresceram até se transformarem nos olhos vermelhos e esfomeados do grande Iron, o rei da selva. Precisamente no momento em que o leão se preparava para o último salto que levaria Allan à sua morte, eis que surge Bali decidido a dar a sua própria vida para impedir a triste repetição do que vira no passado: mãe de Allan fora morta pelo próprio Iron, quando Allan era ainda recém-nascido.

A luta fez tremer não só a floresta como toda a ilha de Madagáscar. Há quem diga que na costa africana eram ouvidos os gemidos dos dois gladiadores que lutavam, um para se alimentar, e o outro para salvar o filho. Venceu o amor de pai e o feroz Iron sucumbiu aos profundos ferimentos.

Infelizmente, a linha de vida de Bali também tinha chegado ao fim. Desta vez conseguiu cumprir o que não tinha feito no passado. Fora incapaz de salvar a sua amada, mas entregou a vida para salvar o filho.

Pela lei da selva, quem mata o rei, transforma-se em rei. Com a morte do corajoso Bali, Allan tornou-se o rei. Tinha um legado a defender: ser fiel aos ensinamentos do pai e valorizar a vida nem que para isso tivesse que sacrificar a sua.

Ana Makrilou, 8ºE

 

Amor Precipitado

 
Bóris era um gato alegre e sempre bem-disposto. Este havia sido acolhido por uma família em França, depois de ter nascido num beco sem saída, obscuro e secreto, lá pelas ruas de Paris. Felizmente, conseguiu encontrar uma casa onde viver, graças à generosidade de certas pessoas. Uma delas era uma senhora pertencente a uma classe social alta, podendo, deste modo, oferecer-lhe uma qualidade de vida de que nunca tivera possibilidade de usufruir. Porém, a partir do momento em que foi alojado, passou a vestir roupas caras e luxuosas, passou a comer todos aqueles biscoitos de tipos e cores variadas, para além de poder conviver com pessoas e animais com o mesmo nível de vida. Bóris viu-se, então, um gato endinheirado e opulento com tudo o que era considerado bom na vida, sentindo-se encantado e,  sobretudo, satisfeito.

 O seu passatempo preferido era passear pelos jardins, especialmente pelos pertencentes ao Palácio do Eliseu. Eram-lhe espantosos, visto que lhe ofereciam uma magnífica e deslumbrante paisagem. As flores com o seu aroma subtil, as árvores envolventes, os bancos, a relva, o repuxo de água e as sublimes estátuas de ouro faziam parte deste jardim, com o intuito de o embelezar e conceder-lhe um ambiente agradável.

 Foi então que, numa das suas passeatas, conheceu uma gata chamada Biju. Quando a viu pela primeira vez, parecia que o seu coração ia sair pela boca, resultado de tanta emoção. Enamorou-se perdidamente por ela. Os seus olhos eram pequenos cristais afetados, o seu pelo era brilhante e de cor branca, lembrando o tempo frio do Inverno e tinha umas patas pequenas e delicadas. É evidente que Bóris acabou por não resistir a tamanho encanto, e foi acompanhá-la no seu passeio.

 Conheceram-se e conversaram durante bastante tempo. Apercebendo-se que Biju também nutria uma afeição por ele, e aproveitando a situação, Bóris disse-lhe, bastante cauteloso e atento:

-Seremos, então, parecidos?

 Biju respondeu:

-Apenas a experiência da vida nos dirá, querido Bóris!

 Como este era muito impaciente e precipitado devido a tudo a que se tivera de se sujeitar antes de possuir este estilo de vida, acabou por aborrecê-la ao forçar-lhe um pedido de namoro. Desiludida, ela desapareceu, deixando Bóris sozinho e consternado. Este pensou, pensou, pensou e refletiu :-Talvez  me tenha precipitado, talvez me tenha confundido, talvez eu tenha dito algo errado, talvez…talvez nada disto tivesse de acontecer!... E era assim que falava consigo próprio, até que chegou à conclusão que na vida tudo tem o seu tempo, um princípio, um fim, uma partida, uma chegada. Nesse momento, no jardim do Palácio do Eliseu, na cidade romântica que era Paris, deu-se o pôr-do-sol e as imensas andorinhas, lá de cima das árvores, finalmente, soltaram-se e libertaram-se das pressas e azáfamas da cidade, espelhando, nas águas puras e silenciosas, a sua imagem tranquila e serena, algo de que Bóris procurava um dia possuir.

 Olívia Almeida, 8ºD

A mãe cegonha

Em Paris, capital da França, existia uma cegonha bela, simpática e feliz, essa cegonha chamava-se D. Branca, tinha esse nome porque era toda branquinha.
Um dia, a senhora D. Branca andava muito triste, lá no alto da igreja, no campanário que já tinha sido construído há vários anos, olhava para a aldeia cheia de saudades de quando era mais jovem.


Ela era do tempo em que os bebés chegavam a casa dos pais dentro de um cestinho pendurado num bico de uma cegonha. Ela fazia de estafeta como aqueles que andam a entregar pizzas e outras coisas.

 

Nessa terra, nasciam tantos bebés que nem a D. Branca nem a sua equipa paravam para descansar. Levantavam voo dos telhados onde moravam, para ir buscar os bebés e voltavam para os ir entregar na casa a que pertenciam.


Agora, os bebés nasciam nas maternidades, com mil cuidados, doutores e enfermeiros que tratavam de tudo. E, foi por isso que as cegonhas ficaram desempregadas!  

 

Uma manhã D. Branca, descontente com o que acontecera, levantou voo e dirigiu-se ao hospital lá da terra, onde ficava a maternidade. A sua entrada provocou um grande espanto naquelas pessoas, sobretudo futuras mães que, de imediato, reconheceram a D, Branca:

 - Olha a cegonha D. Branca, que me trouxe os meus filhos! - disse logo uma senhora.
A cegonha sentiu-se feliz, pois ainda alguém se lembrava dela.

 -Posso falar com o doutor chefe? - pediu à enfermeira.

 

 Nesse consultório foi recebida com um sorriso:

 -Sabe que eu também nasci no bico de uma cegonha? O que quer de mim?
 - Quero voltar a trabalhar. Será que precisam de uma cegonha para entregar bebés? É que eu tenho muita experiência... – afirmou D.Branca.


O doutor acedeu ao seu pedido e todos ficaram felizes por terem de novo as cegonhas como estafetas.

Bruno Martins, 8ºC

 

A história de Cenourinha


Esta é a história de Cenourinha, o pássaro que queria ser livre. Ele sentia-se encurralado dentro da gaiola, como se estivesse na solitária de uma prisão.

Cenourinha era um canário que, como o próprio nome indica, tinha uma cor laranja vivo, como uma cenoura, também não tinha as duas patas, devido a uma queda da sua gaiola azul e branca.

O canário via os pássaros à beira da sua casa a voar livremente, e ele sentia inveja ao vê-los tão alegres, enquanto ele ficava aprisionado na sua gaiola, sem poder voar pela casa fora.

Um dia, enquanto a sua dona limpava a gaiola, ele fugiu e saiu pela janela, rápido como uma flecha. Quando sentiu aquela lufada de ar fresco a tocar-lhe nas asas, ele ficou tão alegre quanto os outros pássaros, finalmente estava livre do que ele achava ser uma tortura.

Só não contou com uma coisa: como não tinha patas, era difícil pousar num ramo de árvore. Ele sentiu-se destroçado, pois um erro ingénuo podia ter-lhe custado a vida.

Durou apenas uns dias ao ar livre, até que a fome o atacou, assim como a saudade do seu lar e da sua adorável dona. Ele acabou por não aguentar e encontrou o caminho de volta para casa, onde foi recebido com muito entusiasmo e carinho pela sua dona.

No final desta história, todos aprenderam alguma coisa: a dona aprendeu a deixá-lo ser mais livre e o Cenourinha aprendeu a pensar duas vezes antes de fazer alguma coisa.

 

Luís Pimentel, 8ºE

terça-feira, 9 de julho de 2013

Poemas 6º ano


E se, de repente, os objetos à nossa volta ganhassem vida própria e desatassem a fazer o que lhes apetecesse?
Foi o que aconteceu a alguns objetos, escolhidos pelos alunos do sexto ano, aquando do estudo do texto poético, e que originaram estes poemas inéditos:

 

Uma almofada desobediente

 
Tenho uma almofada

que deixou de me obedecer

só quer estar na galhofada

durante todo o escurecer.

 

Quando me deito, ponho-a no lugar

mas basta-me adormecer

para ela ao chão regressar.

Isto assim não pode ser!

 

A minha almofada adora brincar

e com as outras almofadas segredar.

A sua melhor amiga passa a noite no chão

E, com pena dela, atira-se abaixo do colchão!

 

Passo a noite sem almofada,

o que hei-de eu fazer?

Preciso de ajuda

para que ela me volte a obedecer!

Mafalda Andrade, 6º B

 


O meu livro de matemática

O meu livro de matemática,

Tem uma página encravada,

 mas que grande problemática!

Mas que grande maçada!

 

Está sempre a parar,

Na página de introdução,

está cansado de ajudar,

meninos que não têm solução!

 

Que hei eu de fazer?

Deixar de aprender?

Preciso de ajuda,

Estou mesmo a sofrer!

 

Carolina Costa, 6ªA

 

O computador


O computador

É um grande sabichão

Mas sem a ajuda do homem

Não diz sim nem não

 

Tem grande capacidade

Conhece o mundo inteiro

Na cultura e no lazer

Está sempre em primeiro

 

Serei eu capaz

De tanto conhecimento?

Gostava que me ajudasse

Durante o meu crescimento!

 

                                                      Inês Capela, 6º A


A tesoura verde

 

A minha tesoura verde

Não para de falar

Com as lâminas a abrir

Sempre, sempre a cortar

 

Quero cortar um desenho

Que fiz no papel

Mas a tesoura só corta

A forma de um anel

 

A minha tesoura verde

Estava cansada de estar na mochila

Porque na sua cabecinha

Imaginava uma vida tranquila

 

Tinha muita pena dela

E de lá tive de a tirar

Mas quando eu a tirei

Ela começou a falar:

 

“Não quero estar naquele mundo

Onde reina a desarrumação

Já pensaste em limpar a pasta?

Bem me parecia que não…”

 

Preciso de uma opinião…

Serei capaz de a curar?

Se quero desenhar um círculo,

Ela corta as ondas do mar!

 

Não sei o que fazer…

Deixá-la morrer?

Deitá-la ao chão?

Ou devolvê-la ao Reino Da Desarrumação?

 

Matilde Fernandes, 6º A

 


A minha velha impressora


 

A minha impressora

Está sempre a encravar

E este problema

Nunca vai acabar.

 

Já tem idade

Para ser avó,

Mas a sua existência

Continua só.

 

Não sei como irei

Fazer o meu trabalho,

Ajuda já implorei

Mas que grande atalho!

 

Diogo Lima, 6º A

 

A minha bola

 

Tenho uma bola

Que não sabe jogar

Anda sozinha

Sem me acompanhar

 

Está sempre a saltar

Com a cabeça no ar

Parecendo querer

O sol apanhar

 

Está apaixonada

Por um sol radiante

E agora nos treinos

Anda sempre distante

 

Fica feliz

Quando o sol está a raiar

Mas cai num pranto,

Numa bela noite de luar.

 

O que vou eu fazer?

Deixar de brincar?

Só jogar ao luar?

Mas porquê? Mas porquê?

Inês Sofia Marques, 6º A

 

O Meu Despertador

 

O meu despertador

Que tão certo era

Não me deixa pôr

O meu cobertor

 

Desperta à noitinha

Sem eu lhe pedir

E de manhãzinha

Deixa-me a dormir

 

Digo-lhe sempre

Que tenho de descansar

Mas ele não desiste

Está sempre a tocar

 

Que hei de eu fazer?

Dormir de manhã?

Ou talvez dizer

Algo à minha mamã?

 

Talvez um dia

O desligue da tomada

Para me poder encostar

À minha querida almofada!

 

Miguel Alves, 6º A

 

O meu compasso
 

                                        

Eu tenho um compasso

Que é um bailarino,

Sempre que dá um passo,

Tomba devagarinho.

 

Ele está apaixonado

Por um computador,

Que também está enamorado,

Pois escreve-lhe versos de amor.

 

Peço ajuda, por favor

Com esta situação,

Pois trata-se de  um amor

De grande dedicação!

 

Por causa deste amor,

A nota de matemática,

Talvez seja um terror!

E isso será uma história dramática!

 

 

Tiago Ramos, 6º B