segunda-feira, 24 de abril de 2017

A escrita

A escrita é, sem dúvida, uma ferramenta para comunicar emoções e explorar a criatividade…


Os nossos alunos, mais uma vez, surpreenderam-nos com textos criativos que refletem a sua essência, a sua forma de olhar, de estar e de interagir com o que os rodeia…

Fui engolida pelo medo naquela tarde de julho iluminada pelo sol. Estremeci assim que o meu pé pousou sobre o chão do auditório vazio que em breve se iria encher de vários indivíduos da espécie humana e de corpos dançantes em cima do palco. Desci até às catacumbas do auditório denominadas de camarins e comecei a vestir-me. Processo aquele que significava a mudança, a personificação de alguém que não somos nós. Acho que se chama “encarnar uma personagem”. Desta vez tinha-me calhado uma figura escura, sombria e aterradora. Alguém sem medo de nada, alguém confiante. O problema é que,  embora exteriormente a imagem passada fosse a anteriormente descrita, interiormente os meus órgãos vitais funcionavam mais rapidamente do que o costume, entre eles, o coração, que cada vez batia mais como se fosse saltar fora do meu corpo.
As horas passavam e a minha cabeça colocava questões: “Terei treinado o suficiente?”, “E se eu não conseguir fazer bem as pontas?”, “E se eu falhar?”. O cérebro tem destas coisas, faz-nos rasteira mentais para cairmos. Ele faz isto com maldade? Não, apenas para aprendermos a levantar-nos sozinhos, sem ajuda. E, se a vida é feita de quedas mentais, por que razão sentimos medo de cair fisicamente?
Entretanto, chegou a hora, chegou o momento de deixar estas dúvidas de parte, chegou a altura de respirar fundo três vezes e de não pensar em mais nada. Entrei em palco iluminada pela escuridão, quando, de repente, a música começou a soar das colunas. Era esta melodia e o aparecimento de focos luminosos vindos dos holofotes que indicava o inicio da coreografia.
Hoje, se me pedirem para descrever ao pormenor aquele momento, não vou conseguir, mas uma coisa vos posso garantir, não tive medo, ultrapassei-o. Com o tempo apercebi-me que o medo ainda estava lá,  no entanto, não era um impedimento para alcançar os meus objetivos.
E agora pergunto: Serão os medos os nossos principais obstáculos? Ou somos nós próprios?

Inês Faria, 9ºA


 A morte é garantida. E a certeza mais plena que temos é que um dia tudo isto vai acabar. E, até há uns tempos para cá, era esse o meu maior medo. No entanto, hoje o meu maior medo é morrer sem fazer valer o «dom» que é a vida.
    A morte é um medo geral e, apesar de parecer um pouco ridículo, considero que é ela que dá sentido à vida. Imaginem-se numa vida que não acaba (isto soa até de uma forma estranha porque, para nós, toda a vida tem um fim) mas, nessa vida infindável alguma coisa faria sentido? Na nossa existência atual, temos tendência para adiar tudo: adiar conversas, adiar o estudo, adiar a luta pela conquista. Tendo em conta, uma esperança média de vida de cerca de 85 anos, e se considerarmos que cada ano tem 365 dias, isso significa que no total da nossa vida viveremos cerca de 31.025 dias. Cada segundo conta. A cada batalha que adiamos, o relógio da vida desconta dias e, a cada dia passado, a nossa margem de manobra fica cada vez mais curta. Se a vida fosse infinita, não existiam seres humanos capazes de mudar o mundo (porque não era necessário mudá-lo) e sonhos, amor, paixão tudo isso seria inexistente. Percebem agora por que é que a morte dá sentido à vida? Então, vamos fazer com que a morte tenha medo de nos levar!
 A morte é pálida, é amargurada, é triste, é medonha, é fraca. A morte é o início do fim. Do nosso fim. Do fim da nossa conquista. A morte é até bipolar: por um lado, faz-me querer viver mais a cada segundo, faz-me até ser mais feliz, porém, nunca lhe perdoarei a crueldade de levar para longe de mim aqueles que mais amo. No entanto, hoje, nesta sala de aula impessoal, mas que ao mesmo tempo me diz tanto pelas pessoas que a preenchem, olho pela janela, onde encontro a esperança para derrubar todo o medo que tenho do fim. Contudo, imponho a mim mesma a determinação de que, quando morrer, partirei de coração cheio.
Filipa Moreira, 9ºA


Medos comuns, todos os temos, presenciamos e sei como me sinto, quando o receio é maior que a minha força de vontade. Por vezes, parece que há algo que nos impede de reagir…  
 Eu tenho medos, sei que os meus pais têm medos e tenho consciência que talvez o maior temor deles é que os «deixe», levar o meu pensamento comigo e apenas restar a mobília em memória de tudo o que vivi naquele pedacinho de mundo. Já senti rejeição por parte de muitas pessoas e essa é uma das minhas maiores fraquezas. Lidar com este sentimento, aterroriza-me. É algo que me persegue desde sempre. Não me quero lamentar, mas não tive uma infância cor-de-rosa, muito pelo contrário, os meus pais eram divorciados e houve sempre alguém que me cortasse as asas.
Um episódio que me marcou foi quando entrei para o infantário e, mesmo passados tantos anos, ainda tenho a memória fresca de como tudo e todos eram. Os tetos e paredes eram brancas, havia desenhos e pinturas por toda a parte, tralha, bonecos, espalhados numa sala fria e um imenso espaço livre com baloiços, escorregas e tudo o que uma criança necessitava para se divertir e esfolar os joelhos. Não tardou muito até um grupo considerável de raparigas, inconscientes do poder da palavra, me começarem a insultar e transformarem todas as minhas qualidades em defeitos. Não tive coragem de lhes fazer frente, nem nunca contei nada a ninguém, nunca chorei nem nunca ousei temer a sua presença, apenas receava as palavras. Com o passar dos tempos, as palavras tornaram-se em agressões. Palavras leva-as o vento, as ações ficam marcadas para todo o sempre… Mais tarde, tudo isto passou e, quando sinto que tenho necessidade de contar a alguém um pouco do que vivi na infância, muitos não se acreditam, já que tenho uma mente e espírito tão fortes e talvez tenha sido esta experiência que me ajudou a ser quem sou hoje.
É fácil dizer a uma criança, adolescente ou até mesmo adulto para não tolerar certos comportamentos, atos, atitudes e muitas vezes o maior medo delas, que, por sua vez, também foi o meu, é a reação da pessoa a seguir ao confronto.
Eis um conselho: não temam!... A vida é como um cigarro, por vezes, acaba a meio ou em cinzas…
Maria Ferro, 9ºA


E lá estava ela, outra vez… O momento infernal que me atazanava a cabeça, sempre que esta atividade era proposta. LER, em frente da turma, mais especificamente, os meus textos. Abominava-o. Sentia que parte de mim estava a ser exposta, já para não falar que a vítima, de todas as vezes, levava com os olhos curiosos em cima. Ainda me lembro do dia em que tive de o enfrentar.
Respirei fundo antes de entrar na sala familiarmente fria. Estava tudo na mesma… As mesas estavam dispostas em fila. O chão, outrora sujo, agora brilhava. As janelas estavam embaciadas pela humidade.
À medida que nos fomos sentando, a professora começou a chamada. Felizmente havia uma ordem, começávamos, normalmente, por aqueles que tinham mais dificuldades. Portanto, ainda dispunha de algum tempo (pelos menos era assim que pensava). O tempo passava, mais pessoas iam lendo, mais nervosa eu ficava. Não era o nervosismo das borboletas… era como se por cada minuto que passasse, outro pedacinho da minha alma fosse sugado para o universo.
Contudo, eu tinha táticas para adiar a minha vez… Escondia-me atrás do colega à minha frente ou fingia que ainda estava a escrever a dita composição. No entanto, o resultado seria o mesmo. Mais tarde ou mais cedo, eu teria de ler. A minha última esperança era esperar que tocasse para o intervalo.
Mas foi então que eu ouvi o meu nome. Congelei durante alguns segundos e, depois, lentamente, olhei para a professora. Estava calma, parecia uma jogadora de póquer. O seu tom de voz era sereno, mas eu sabia que havia uma insistência e um pouco de aborrecimento escondidos nele. Acontecia a mesma coisa uma e outra vez. As desculpas eram escusadas. A professora era teimosa e não desistia (secretamente agradeço por isso). E então lá comecei. Senti os olhos a cravarem-se em mim. Tentei ignorá-los. As palavras saíam-me da boca a medo. Havia pausas, porém, recomeçava. Já no meio do texto, lágrimas brotaram-me dos olhos. Era difícil, já fazia isto tantas vezes, no entanto, o grau de dificuldade era o mesmo… Eu queria parar, contudo, não podia. No final, com a respiração irregular e a cara provavelmente vermelha, sentia-me como se os pedacinhos da minha alma voltassem, lentamente, para o meu corpo.
Este medo designa-se por literofobia. Naquele dia, venci a batalha, mas a guerra continua...
Marta Mocho, 9ºD


É inevitável adormecer, seja para um sono de 3, 10 ou um número infinito de horas, ou porque fomos “puxados” por ele ou porque ninguém nos impediu. Até ao dia em que…
Provavelmente já passava das duas da manhã – o meu quarto estava escuro, silencioso e vazio; ainda assim, sabia onde tudo se encontrava: à minha esquerda, junto à cabeceira da cama, a biblioteca é a pilha de sonhos; já do lado direito, a mesa com o relógio é o companheiro de insónias, e o armário, esconderijo de memórias. Em frente, a secretária com livros que não são nada, só entretenimento provisório. No escuro, não me veem. Não há sorriso forçado ou gesto fingido que me valha, só verdade, crua e nua. A cama estava demasiado quente e os lençóis, outrora frescos, sufocavam-me contra o colchão. Olhei para o relógio – duas menos um quarto. Tinha prometido que não voltaria a fazê-lo, porque, depois de tantas noites assim, já era especialista em medos inventados e, quanto mais tarde fosse, mais longínquas as pálpebras ficavam.
Subitamente, todo o ambiente piorou: o quarto ficou mais quente, os lençóis mais sufocantes e o escuro mais penetrante. É o problema de medos que não existem, se acreditarmos muito que existem, tornam-se realidade. Nunca entendi o seu motivo até àquela noite, quando não me levantei e fui capaz de esperar –  silenciosa e vazia – que algo me levasse, mesmo que estivesse a quebrar: a Lua só leva pessoas prestes a partir e, como já estou partida, acho que nunca me quis para que me regenerasse e, dessa forma, o Sol me quisesse acordar.
Este medo não tem nome e diria que se devia a ter sido inventado, mas penso que todos os medos são assim…
Beatriz Sampaio 9ºD


Chamo - me Sofia Capelas e tenho doze anos de idade. Crescida já sou, só ainda não sei para onde vou…
A minha pele é clara, transparente e tenho nariz médio e redondo. Os meus lábios são finos, repletos de mimo.
Os meus longos cabelos castanhos, ondulados, abundantes e lustrosos escondem qualquer ponta de pensamentos inseguros, no entanto, esses refletem-se nos meus olhos.
Possuo uma aparência bastante calma, porém, por vezes, sou um pouco nervosa, pois irrito-me com facilidade, mas também num instante me passa. Contudo, sou carinhosa, amiga do meu amigo, inteligente, um pouco tímida e envergonhada e procuro ser sempre imparcial.
Considero-me uma jovem sociável, mas não dou confiança a qualquer um que se aproxime… Para terem a minha confiança, têm primeiro de fazer por a merecer.
Nos tempos livres, gosto de ler, ir ao cinema, à praia, passear, ouvir música e jogar computador.
Adoro viajar e, como tal, gostava de conhecer o mundo. Para mim, viajar é como ler, expandir horizontes…
Gosto muito de chocolate! Considero-o um pedaço de céu, é tão docinho e bom que sou capaz de pensar que estou nas nuvens quando o saboreio.
Os meus sonhos são como o Universo, infinitos!...
Sofia Capelas, 7º A
Sou a Matilde, uma rapariga de 12 anos de estatura média e personalidade forte, mas, ao mesmo tempo, sensível.
Tenho cabelos cor de carvalho  e olhos da cor da terra acabada de regar, cara feliz e radiante, apesar de, por vezes, angustiada. Bochechas rosadas são o que me define.
Sou desportiva, engraçada, compreensiva, sempre pronta a ajudar e só perco a esperança quando já não há solução.
Nunca haverá ninguém que me descubra totalmente, pois sou complicada.
             
Matilde Silva, 7º A

Chamo-me Gonçalo Marques, um estudante português, de cabelo cor de ouro e nariz pequeno como o meu tamanho.
Simpatizo com todas as pessoas e para rir é comigo, mas não pensem que sou palhaço, pois falo a sério sempre que é preciso.
Sou magro, mas recheado de ternura. Os meus olhos são da cor do mar, e os meus braços têm um ombro amigo pronto a ajudar…

Gonçalo Marques, 7º A