quinta-feira, 19 de junho de 2014

«Ser poeta é ser mais alto…»

«Ser poeta é ser mais alto…»  Florbela Espanca

E os nossos alunos foram poetas e voaram mais alto e … seguindo as pisadas de Miguel Torga, enquanto aprendizes da profissão mais bela do mundo, a arte de trabalhar as palavras, criaram poemas, subordinados ao título «Diálogo»:

Estava eu aqui a andar
até que decidi perguntar:
- Por que é que és tão calmo?
- Por que é que a tua vida é bela?
- Por que é que só andas para um lado,
e o teu coração de amor nunca fica gelado?

- E por que é que tu, homem,
te queixas da vida,
se a tua pelo menos pode ser vivida?

Tens um coração para amar
e pernas para andar.
Por que é que pessoas como tu
não param de reclamar?

Já eu passo o dia
a ver a desgraça passar,
as guerras à minha volta
que homens, como tu, estão a travar.
Ana Faria, 8º B

- Rio,
Tu que vagueias por todos os vales,
Por todos os dias e noites,
Pergunto-te:

 Como é a noite no Oriente?
- É escura, sombria e solitária...
- Como é a noite no Ocidente?
- É divina, mágica, uma ária!...        

- Como é a paz no Oriente?
- Negra, débil, quase a desaparecer...
- Como é a paz no Ocidente?
- Luminosa, intensa, um fogo a arder!...

Mas por que me perguntas isso a mim?!
Não sei mais que esta verdade:
A paz é fonte de liberdade
E luta pela justiça até ao fim!...

Maria João Vilaça 8ºB
A Lua
E o Sol,
Eternos apaixonados,
Apenas ao pôr-do-sol se cruzam,
Apenas por instantes se veem,
Sem nunca se tocarem.

Num desses fugazes encontros
O sol interpelou a Lua:

- Nunca desejaste, nem por um momento,
Ver um mundo a cores?
Trocar o negro pelo arco-íris,
Os mochos pelas andorinhas?
Num mundo sombrio, adormecido,
Nunca quiseste deixar o mistério?

A Lua, porém, respondeu:

- Ao contrário do que pensas,
A minha vida não é solitária, nem sombria,
Tem, sim, um significado diferente da tua.
Enquanto tu te guias pela alegria da luz,
Eu pelo mistério da sombra.
Estas não se contrariam.
Pelo contrário,
Completam-se.
Não trocaria o meu lugar por nada.

Afinal,  giraria o mundo sem nós?
Sem a tua luz, que guia homens e animais,
Aquece a terra e faz germinar a vida
Ou sem as minhas estrelas, o meu encanto,
Que por tanto tempo inspirou as mais belas lendas?

Não é com o papel dos outros
Que nos devemos preocupar,
Mas com o nosso
E com a melhor maneira de o desempenhar.

Lia Noga, 8ºB
Nasci em ti, e em ti irei morrer,
   Mas quem sabe quando?
   Morrer será ao entardecer
   E desaparecer

   Morrer será uma ilusão?
   Ilusão será a do meu olhar,
   Quando os meus olhos fechar,
   E deixar de respirar.

   Acordar em ti será em sonhos,
   Onde a fantasia se transforma em orgulhos.

   E amar como será?
   Amar será diferente,
   Como a estrela cadente
   Que pelos nossos olhos passou.

   Acredito que tudo mudará
   Quando esse dia chegar.
           
Matilde Santos, 8ºB


- Há certos factos que não consigo entender
Serás tu, meu amigo, que as minhas dúvidas irás esclarecer?
- Isso dependerá das perguntas que me irás fazer.

- Existe vida depois da morte?
A que temperatura estará o sol?
Porque são amarelas as pétalas do girassol?
Não podiam ser de outra cor qualquer?
E então as da rosa, da margarida e do malmequer?

- Meu caro amigo, não sei o que dizer…
Se vamos para o céu, para o inferno ou se voltamos a viver,
Também eu gostava de saber.

O sol é quente,
Tão quente que ninguém se aproxima.

As pétalas das flores
Têm uma cor específica
Como o céu…
Como o mar…
Como a natureza…
Joana Nunes, 8º B

- Quem vai para a estrada?
- Aquele que não faz nada.
- Quem vai para a rua?
- Aquele que está na lua.

- Quem se vai sentar?
- Aquele que tudo quer estudar.
- Quem as dúvidas vai tirar?
- Aquele que tudo faz para não errar.

- Quem vai subir?
- Aquele que quer descobrir.
- Quem vai descer?
- Aquele que tudo quer ver.

- Quem vai ler?
- Aquele que tudo quer saber.
- Quem vai rimar?
- Os alunos do 8ºB que ainda têm muito que estudar.

José Ferraz, 8ºB

- Minha amiga e companheira
que andas aqui a fazer?
Tanto tempo que passou
E ficamos sem nos ver

Estou feliz por te encontrar
Tenho-te grande amizade
Não deixei de te lembrar
Pensei em ti com saudade

Nesta escola onde eu estudo não tenho com quem falar
Sinto-me perdido, vivo mudo,
Sem ter em quem confiar

 - Eu também estou contente
Estou feliz por te rever
No meio de tanta gente
Me foste hoje aparecer

Tu sempre me conheceste
Sentiste o mesmo que eu
Sofri quando tu sofreste
E rimos do que aconteceu

Dividimos alegrias
Sentimentos e emoções
Penso em ti todos os dias
Temos gémeos corações

Nada nos vai separar
Somos amigos por demais
Nunca se vão encontrar
Dois amigos tão leais
José Paulo, 8º B

Junto ao monte
Fico a pensar...

A olhar o Sol
Sem estar a admirar
Como fazes tu
P'ra poder girar?

- Eu cá não sei
No fundo, eu giro
Dou uma volta,
Um rodopio

- E diz-me, Sol,
A fórmula inventada
P'ra fazer a sombra
P'los objetos criada?

- Sei lá eu!...
Já pensaste
Que não é mais
Que um contraste?

- Então, explica-me
O que acontece
P'ra fazer o brilho
Que o mundo aquece?

- Não quero saber,
Não tenho vontade.
Pensar faz doer
Com esta idade

- Muito sábio não és,
Não leves a mal,
Mas crias a vida,
A vida universal.

João Vilas Boas, 8º E

Numa noite de lua cheia,
Antes de dormir,
Ouvi uma bela voz
E comecei a sorrir…

Uma voz bonita
Falando suavemente…
Um planeta, um rio?
Algo belo verdadeiramente…

Não pareceu ser um rio,
Muito menos um planeta,
Seria antes uma pessoa
Ou seria um cometa?

Em espírito de reflexão
Olhei bem a Lua
Curiosamente questionei:
- Esta voz é tua?

Com um ar contente,
A Lua consentiu
E muito envergonhada
O seu brilho sobre a terra esparziu…
Zé Pedro Coutinho 8ºE