«Ser poeta é ser mais alto…» Florbela Espanca
E os nossos alunos
foram poetas e voaram mais alto e … seguindo as pisadas de Miguel Torga,
enquanto aprendizes da profissão mais bela do mundo, a arte de trabalhar as
palavras, criaram poemas, subordinados ao título «Diálogo»:
Estava
eu aqui a andar
até
que decidi perguntar:
-
Por que é que és tão calmo?
-
Por que é que a tua vida é bela?
-
Por que é que só andas para um lado,
e
o teu coração de amor nunca fica gelado?
-
E por que é que tu, homem,
te
queixas da vida,
se
a tua pelo menos pode ser vivida?
Tens
um coração para amar
e
pernas para andar.
Por
que é que pessoas como tu
não
param de reclamar?
Já
eu passo o dia
a
ver a desgraça passar,
as
guerras à minha volta
que
homens, como tu, estão a travar.
Ana Faria, 8º B
-
Rio,
Tu
que vagueias por todos os vales,
Por
todos os dias e noites,
Pergunto-te:
Como é a noite no Oriente?
-
É escura, sombria e solitária...
-
Como é a noite no Ocidente?
-
É divina, mágica, uma ária!...
-
Como é a paz no Oriente?
-
Negra, débil, quase a desaparecer...
-
Como é a paz no Ocidente?
-
Luminosa, intensa, um fogo a arder!...
Mas
por que me perguntas isso a mim?!
Não
sei mais que esta verdade:
A
paz é fonte de liberdade
E
luta pela justiça até ao fim!...
Maria João
Vilaça 8ºB
A
Lua
E
o Sol,
Eternos
apaixonados,
Apenas
ao pôr-do-sol se cruzam,
Apenas
por instantes se veem,
Sem
nunca se tocarem.
Num
desses fugazes encontros
O
sol interpelou a Lua:
-
Nunca desejaste, nem por um momento,
Ver
um mundo a cores?
Trocar
o negro pelo arco-íris,
Os
mochos pelas andorinhas?
Num
mundo sombrio, adormecido,
Nunca
quiseste deixar o mistério?
A
Lua, porém, respondeu:
-
Ao contrário do que pensas,
A
minha vida não é solitária, nem sombria,
Tem,
sim, um significado diferente da tua.
Enquanto
tu te guias pela alegria da luz,
Eu
pelo mistério da sombra.
Estas
não se contrariam.
Pelo
contrário,
Completam-se.
Não
trocaria o meu lugar por nada.
Afinal, giraria o mundo sem nós?
Sem
a tua luz, que guia homens e animais,
Aquece
a terra e faz germinar a vida
Ou
sem as minhas estrelas, o meu encanto,
Que
por tanto tempo inspirou as mais belas lendas?
Não
é com o papel dos outros
Que
nos devemos preocupar,
Mas
com o nosso
E
com a melhor maneira de o desempenhar.
Lia Noga, 8ºB
Nasci
em ti, e em ti irei morrer,
Mas quem sabe quando?
Morrer será ao entardecer
E desaparecer
Morrer será uma ilusão?
Ilusão será a do meu olhar,
Quando os meus olhos fechar,
E deixar de respirar.
Acordar em ti será em sonhos,
Onde a fantasia se transforma em orgulhos.
E amar como será?
Amar será diferente,
Como a estrela cadente
Que pelos nossos olhos passou.
Acredito que tudo mudará
Quando esse dia chegar.
Matilde Santos, 8ºB
-
Há certos factos que não consigo entender
Serás
tu, meu amigo, que as minhas dúvidas irás esclarecer?
-
Isso dependerá das perguntas que me irás fazer.
-
Existe vida depois da morte?
A
que temperatura estará o sol?
Porque
são amarelas as pétalas do girassol?
Não
podiam ser de outra cor qualquer?
E
então as da rosa, da margarida e do malmequer?
-
Meu caro amigo, não sei o que dizer…
Se
vamos para o céu, para o inferno ou se voltamos a viver,
Também
eu gostava de saber.
O
sol é quente,
Tão
quente que ninguém se aproxima.
As
pétalas das flores
Têm
uma cor específica
Como
o céu…
Como
o mar…
Como
a natureza…
Joana Nunes, 8º B
-
Quem vai para a estrada?
-
Aquele que não faz nada.
-
Quem vai para a rua?
-
Aquele que está na lua.
-
Quem se vai sentar?
-
Aquele que tudo quer estudar.
-
Quem as dúvidas vai tirar?
-
Aquele que tudo faz para não errar.
-
Quem vai subir?
-
Aquele que quer descobrir.
-
Quem vai descer?
-
Aquele que tudo quer ver.
-
Quem vai ler?
-
Aquele que tudo quer saber.
-
Quem vai rimar?
-
Os alunos do 8ºB que ainda têm muito que estudar.
José Ferraz, 8ºB
-
Minha amiga e companheira
que
andas aqui a fazer?
Tanto
tempo que passou
E
ficamos sem nos ver
Estou
feliz por te encontrar
Tenho-te
grande amizade
Não
deixei de te lembrar
Pensei
em ti com saudade
Nesta
escola onde eu estudo não tenho com quem falar
Sinto-me
perdido, vivo mudo,
Sem
ter em quem confiar
- Eu também estou contente
Estou
feliz por te rever
No
meio de tanta gente
Me
foste hoje aparecer
Tu
sempre me conheceste
Sentiste
o mesmo que eu
Sofri
quando tu sofreste
E
rimos do que aconteceu
Dividimos
alegrias
Sentimentos
e emoções
Penso
em ti todos os dias
Temos
gémeos corações
Nada
nos vai separar
Somos
amigos por demais
Nunca
se vão encontrar
Dois
amigos tão leais
José Paulo, 8º B
Junto
ao monte
Fico
a pensar...
A
olhar o Sol
Sem
estar a admirar
Como
fazes tu
P'ra
poder girar?
- Eu
cá não sei
No
fundo, eu giro
Dou
uma volta,
Um
rodopio
- E
diz-me, Sol,
A
fórmula inventada
P'ra
fazer a sombra
P'los
objetos criada?
- Sei
lá eu!...
Já
pensaste
Que
não é mais
Que
um contraste?
- Então,
explica-me
O que
acontece
P'ra
fazer o brilho
Que o
mundo aquece?
- Não
quero saber,
Não
tenho vontade.
Pensar
faz doer
Com
esta idade
- Muito
sábio não és,
Não
leves a mal,
Mas
crias a vida,
A vida
universal.
João Vilas Boas, 8º E
Numa
noite de lua cheia,
Antes
de dormir,
Ouvi
uma bela voz
E
comecei a sorrir…
Uma
voz bonita
Falando
suavemente…
Um
planeta, um rio?
Algo
belo verdadeiramente…
Não
pareceu ser um rio,
Muito
menos um planeta,
Seria
antes uma pessoa
Ou
seria um cometa?
Em
espírito de reflexão
Olhei
bem a Lua
Curiosamente
questionei:
-
Esta voz é tua?
Com
um ar contente,
A
Lua consentiu
E
muito envergonhada
O
seu brilho sobre a terra esparziu…
Zé Pedro Coutinho 8ºE