Chegou ao fim mais um ano
letivo. É tempo de descanso… de outras viagens… de boas leituras… de inspirados
momentos de escrita…
É hora de desejar ótimas férias a todos os alunos.
E, para os nossos finalistas do 9º ano, deixamos aqui um
texto que reflete o prazer de um trabalho conjunto, num percurso de três anos,
e as emoções de uma partilha constante cujo balanço final se revelou
francamente positivo!
Resta-nos desejar-vos as maiores felicidades para a nova
etapa que se avizinha e esperamos que os «beirais» que vos acolheram nestes
últimos anos vos tenham munido da força necessária para efetuarem altos e
arrojados voos!...
As professoras: Isabel
Cristina e Marta Costa
Migrações
As
andorinhas chegaram em bandos e, com os seus chilreios, acordaram os mais
adormecidos. O seu canto era melodioso, jovem e, sobretudo, muito feliz... E
invadiram os corações de alegria num transbordar de felicidade. Instalaram-se,
então, nos beirais de um edifício de linhas austeras, mas sempre renovadas
pelos tempos. E, numa azáfama de andorinha, construíram laboriosamente os seus
ninhos. Pouco a pouco, os beirais enfeitaram-se e, orgulhosos dos seus novos
habitantes, tentavam protegê-los, acarinhá-los e, juntamente com os
progenitores, ensinar os mais inexperientes a voar. As andorinhas cresciam,
cresciam... em tamanho e conhecimento... Os beirais ensinavam e aprendiam...
Andorinhas e beirais faziam parte constituinte daquele edifício, agora decorado
pela vida que transformara os traços severos em contornos modernos e
acolhedores. Mas a Primavera chegava ao fim e, as andorinhas "já
sábias", abandonavam os beirais com olhos flamejantes de sonhos e de
projetos de futuro! Os beirais, esses tinham aprendido um pouco mais e, embora
com mágoa da nostalgia que fica, libertavam as andorinhas, esperando ver, nos
seus voos seguros trajetórias retilineamente traçadas. Aos beirais,
restava-lhes um consolo: esperar pela próxima Primavera e pela chegada de
outros bandos que nunca poderiam substituir os que partiam, mas que seriam
recebidos com o mesmo afeto, ensinados com o mesmo amor, numa procura constante
da aprendizagem, do companheirismo... Despediram-se, então. As andorinhas
partiram com lições de vida e os beirais ficaram, orgulhosos e confiantes da
sua tarefa. Havia tristeza nos olhares que trocavam, mas também a cumplicidade
de quem habitara um mesmo edifício e o animara de vida, som e cor... E numa
derradeira atitude de tutor que se despede dos seus pupilos, os beirais, por
último, acenaram: - Sejam felizes!
Isabel
Cristina Ferreira in Poetas… Às vezes…