Para terminar este ano letivo, divulgamos aqui alguns textos de alunos
do 8º ano que, à semelhança de todos os colaboradores deste blogue, nos
surpreenderam pela sua criatividade e qualidade de escrita no tratamento do
tema proposto.
Boas
férias e boas leituras...
Quando os animais são os protagonistas….
No reino
dos animais também podem acontecer histórias fantásticas…
Vontade de voar
As borboletas são, certamente, um
dos animais mais belos e magníficos do espaço finito que foi dado a conhecer a
muitos de nós, a Terra, e nela voam sobre as nossas almas perdidas e quase
insignificantes muitas centenas de espécies destes pequenos seres que muito
dificilmente conseguem passar despercebidos.
Num
mundo alternativo, os animais têm um papel muito mais importante do que
pensamos. Estes amigos salvam-nos constantemente das forças do mal e, para que
lhes deem mais importância, venho contar-vos a história de um agente da A.I.M
(Animals In a Mission), o cão Jacob, que salvou o mundo.
Como meros mortais ignorantes,
pensamos que está tudo abaixo de nós, principalmente os seres pequenos e
graciosos que são as borboletas, mas, por vezes, podemos também invejá-las,
pois a dádiva do voo é algo extremamente raro.
Sim, voar, um dom deveras cobiçado
e, por vezes, por irresponsabilidade humana,
ceifado maleficamente a estes seres tão inofensivos.
É assim que introduzo a história de Summer, uma Colobura dirce, ou seja
uma dádiva que nos foi oferecida pela Natureza e, nós, de forma negligente,
pensamos que o seu objetivo era saciar os nossos olhos com a beleza inquietante
desta borboleta com listas de zebra pintadas em ambas as asas. Summer sofreu um
acidente terrível que fez com que não pudesse deslocar-se a partir do voo, e
isto aconteceu numa tenebrosa noite de outono em que Summer escapou por pouco
de ser emoldurada por um “caçador furtivo” sem sentimentos.
Eu presenciei aquela cena e, apesar
de ser só mais uma borboleta (que é um estereótipo muito usado pelo Homem), não
pude evitar que algumas lágrimas cristalinas caíssem dos meus olhos, porque,
afinal, o que estamos a fazer ao planeta? O que fizemos a Summer? Esta bela
criatura nunca na sua vida poderá voltar a sentir aquela liberdade que o voo
lhe transmitia… então o que lhe resta? Morrer será a única solução, porque
viver assim, incapacitada, é algo que nenhuma borboleta aguenta, pois elas são
feitas ao mais pequeno pormenor, de forma que possam sobrevoar o céu, conhecer
o mundo e, consequentemente, viver, viver do único modo possível: sendo felizes!
Mariana
Lima, 8º D
Uma Lição
Um cão chamado Ricky caminhava à beira de um rio,
saboreando o seu delicioso e vermelho naco de carne.
O rio era cristalino, à volta encontravam-se
várias rãs, que pareciam estar bastante atentas, variados tipos de cogumelos,
arbustos, árvores e flores exóticas.
De repente, ao olhar para o lado, reparou que
havia outro cão que o acompanhava, também com um belo naco de carne na boca,
possivelmente maior do que seu.
Ricky, como
era forte e decidido, resolveu imediatamente atacá-lo, assim, poderia acabar o
dia com dois bocados de carne em vez de um.
No entanto, no momento em que saltou em direção
ao outro animal e abriu a boca para mostrar os dentes, a carne que levava caiu
à água.
A imagem do outro cão desapareceu e tudo o que
ele conseguiu foi ficar molhado num dia frio de inverno.
Na verdade, o seu companheiro de viagem era
apenas a sua própria imagem refletida na água!
Quando o Ricky quis recuperar a carne, viu que
ela tinha sido levada pela corrente, e ali ficou, triste e molhado, mas aprendeu
a lição de uma vez por todas: Quem tudo quer, tudo perde!
Joana Gomes, 8ºE
A minha vida
Hoje
vou contar-vos como cheguei até aqui. Vocês perguntam “Aqui, onde?”. Eu
respondo, leiam para perceber.
Estava
um dia belo no Alentejo, mas eu não tinha liberdade para explorar, nem sequer
para sair da quinta onde me encontrava. Apesar de ser uma vaca, sou também uma
aventureira e gosto de me divertir.
Nesse
dia, o agricultor deixou aberto o portão da quinta.
Ele era
um homem alto, magro, de cabelo encaracolado e ruivo, vestia uma camisola
vermelha, com a frase “Agricultura é fixe!”, usava calças de ganga e botas de
couro.
Eu
aproveitei a ocasião e fugi. Algo que foi muito criticado pelos outros animais.
Viajei
durante dias, meses… Dormia junto a árvores com animais de olho em mim.
Num dia
em que chovia intensamente, encontrei um miúdo de cor negra e de uma simpatia
que me cativou. Levou-me até sua casa, onde me acolheu de uma forma
imprevisível. Em vez de me tirar leite, esfregou-me o pelo, em vez de me
obrigar a andar no mesmo terreno durante dias, deixou-me livre para fazer o que
quisesse. Isso deu-me uma alegria incalculável e uma emoção inimaginável. Os
meus olhos brilhavam como raios de sol a refletir-se na água.
Adorei
a forma como me tratou. E aqui estou eu, livre para viver, e só espero deixá-lo
quando Deus me quiser levar para o céu azul e cheio de mistérios.
Filipe
Real, 8º E
Silverestin
Nas águas profundas do oceano, vagueava uma
criatura bela como o sol da meia-noite, os seus olhos eram brilhantes
como pérolas brancas, os seus tentáculos sublimes como a brisa da tarde, e o
seu espírito livre como as ondas do mar. Silverestin era um polvo, mas
intitulava-se de “Silver, a criatura do mar”. Ao contrário dos outros, Silver
apreciava todos os bons momentos da vida, sabia que todos os dias eram uma
aventura, que a vida era um mistério por resolver, apreciava o silêncio profundo
do oceano imenso, apreciava o movimento da água, que o fazia sentir livre e em
paz, era sábio, mas sentia não saber nada, nada de nada, sentia-se vazio, em
busca de salvação, mas ninguém estava lá, ninguém a quem se agarrar…
Apesar
de se sentir só, não conseguia partir, pois tinha demasiado receio de avançar,
de confiar, de sentir, de amar… Pensava que nada sabia, mas Silver sabia
demais, sabia que se se desse ao luxo de confiar seria magoado, traído,
abandonado… Silverestin não tinha ninguém, mas recusava-se a ter alguém.
Um dia, Silver viu algo que mudou toda a sua
vida e o fez ver o mundo de outra maneira, no meio da escuridão, viu algo a
brilhar, tão brilhante como o céu em noites estreladas. No início, pensou que
seria uma espécie de anjo, a entregar-lhe a salvação, mas depois viu que era
apenas uma pequena estátua, então, não olhou para trás e continuou o seu
caminho. Durante muitos anos, Silverestin pensou que nunca conseguiria
preencher o “buraco” que tinha no coração. Até que, um dia, viu algo a
cintilar, era a estátua, agora mais nítida, esta mostrava a figura de um homem
e de uma mulher a dançar, mas o que realmente chamou a atenção de Silver foi o
facto de a mulher estar abandonada nos braços do homem, mostrando uma sensação
de paz e liberdade. O homem mostrava confiança, amor… Foi então que Silver
percebeu que se nunca confiasse em ninguém, nunca seria verdadeiramente feliz,
pois, apesar de ter paz, sabedoria e liberdade, nunca teria amor verdadeiro, do
mais puro que existe.
No dia
da sua morte, Silverestin deixou toda a sua confiança nas ondas do mar, deixou
também com ela o seu bem mais precioso, a sua felicidade.
Rita Garcia, 8º E
Porquê?
Passou um dia desde que me tiraram tudo. Tudo. Eles são maus,
cruéis, não lhes corre sangue naquelas veias! Eles não têm escrúpulos, das
goelas só lhes saem gritos estridentes e escuros e nos olhos só lhes capto o
vazio. Colocaram-me aqui, nestas grades, num espaço tão minúsculo que mal me
consigo mover. Cheira a madeira queimada, a carne franzina e podre, e está tudo
muito sujo, como é habitual depois das cheias. E eu tenho a cabeça cheia de
perguntas e de confusão e de medo. E não entendo porquê. E há outros como eu,
atrás de grades como as minhas, de olhos húmidos e pelo seco e retraído, com um
ar muito mais carregado do que o meu e um segredo pesado nas orelhas descaídas.
E olho para eles todos, e eles olham todos para mim, e nenhum bicho vê nada de
nada.
Mas, hoje, as grades abrem-se.
- O tigre, sim! Traz o tigre para a arena. – grita um dos que têm
duas pernas.
Outro abre o meu espaço, corta-me a respiração com um metal
redondo e arrasta-me para a areia.
Passo a minha tarde a aprender nomes de armas e a senti-las no meu
dorso. Aprendo a saltar por um arco em chamas ridículo, a subir para uma
plataforma tão colorida que se torna desprezível, aterrorizado pelo bradar
descontrolado dele e o arpão e a dor que sinto quando ele me bate e obriga a fazer
estas coisas sem eu entender porquê, enquanto me lembro do orvalho e do nascer
do sol e do cheiro a carne fresca acabada de caçar.
Estou tão indefeso agora, tenho mais medo deles do que eles
poderiam ter de mim.
E lágrimas, que o brutamontes deve confundir com água, escorrem-me
pelo focinho e molham o piso, o vazio nos olhos dos outros é agora por mim
compreendido.
Deixo-me cair no chão, a respirar sofregamente e a sentir o sangue
nas patas.
Ele grita-me, dá-me com o chicote, pontapeia-me o pescoço. Mas eu
já não o estou a ouvir nem a sentir, eu estou a perguntar-me porquê, eu estou a
tentar lembrar-me de rostos e de cheiros, eu estou imóvel como uma rocha.
Estou cheio de perguntas, só isso. Dor e perguntas. Porquê?
Sofia Magalhães, 8º E
OS TRÊS GRANDES
Era uma vez um grande dragão chamado Nuno que vivia
numa ilha desconhecida por muitos seres humanos. Uma ilha que só era conhecida
no mundo dos sonhos e da imaginação, o que levava a que muitas pessoas não
tivessem passaporte de entrada, pois a sua imaginação não era suficiente.
Nuno era um dragão bastante forte, habituado a
dificuldades. Por vezes, era agressivo, mas lá no fundo era um bom dragão. Era
alto, robusto e ganhador. A sua cor preferida era o azul. Podemos dizer a seu
respeito que, no mundo da imaginação, era amado por muitos.
A bonita, extensa e imaginária ilha onde Nuno vivia
era partilhada por dois outos animais seus “amigos”, uma águia chamada Luís e
um leão chamado Bruno. Três animais diferentes, mas com objetivos comuns.
Luís era uma águia determinada, forte, rápida…O seu
ponto forte era a estratégia. A sua cor preferida era o vermelho. E podemos afirmar
que era uma águia bastante sortuda, pois tinha Jesus a seu lado.
Bruno, o leão, era igualmente forte e destemido,
com garras afiadas. Porém, o rei da selva, era considerado o mais fraco dos
três. A sua cor preferida era o verde. E podemos concluir, que, ao contrário da
águia, não tem tido muita sorte, pois este ano não saiu vitorioso de muitos
confrontos.
Os objetivos do dragão, assim como os da águia e do
leão, eram os mesmos. Todos lutavam pelo território e conquista do tesouro. Lutas
corpo a corpo decidiam o melhor e o campeão do trio.
Na temporada de 2012/2013, após confrontos que
pareciam batalhas tenebrosas, decidiu-se que o detentor do tesouro seria o
dragão. Apesar da águia e o leão ficarem desolados, nunca se saberá qual dos
três grandes é o melhor.
Gostava de ter imaginação suficiente para poder
assistir a tão míticos e equilibrados confrontos como os que acontecem naquela
ilha!
Jorge Gomes,
8º C
Mudança de pele, mudança de
vida?
Um fio
de luz conseguia atacar o pequeno covil, instalado entre duas pedras. A
estrutura estava muito bem edificada e escondida dos olhares dos seres que
pudessem ser fatais para a imponente criatura que lá se refugiava.
A
anaconda ergueu-se, resvalando contra as pedras para poder escapar do seu abrigo,
estendendo a sua cauda de porte majestoso, e exibindo a sua beleza sublime e
perigosa.
Algum
momento importante se aproximava. O animal sentia-o. Uma das muitas qualidades do
reino animal era a selecção de memórias. Todos os momentos realmente
importantes eram carregados de forma vitalícia, mas não esquecendo as pequenas
lembranças. Os humanos nem sempre faziam isso.
O
réptil silvou, exibindo as suas mandíbulas poderosas, ouvindo um resfolegar,
seguido por um praguejar meramente humano. As pupilas, que estavam cobertas por
uma ligeira camada encarnada, pareciam inflamadas.
Era a
época das caçadas. Uma equipa do governo regional de Sheld decretara que todos
os anos haveria uma época em que se extinguiriam os “monstros de Sheld”. Era
mobilizado muito dinheiro para estas campanhas. Afinal, era tudo sobre
dinheiro. Era tudo um negócio, para conseguir matéria-prima para as grandes
indústrias têxteis de luxo. A pele de anaconda era resistente e bonita, logo
dava muito lucro. E ainda as intitulavam, às anacondas, de monstros!
A
anaconda galopava, deslizando de forma a tentar escapar, já que tinha sido
detetada.
Não
seriam eles, os humanos, os monstros? Monstros que haviam subjugado a natureza
e dominado tudo o que a constituía? Ou seriam eles superiores, como alegavam?
Estariam eles realmente destinados a comandar o destino do planeta? Teriam eles
algo que os elevasse a uma categoria superior? Seriam especiais?
A
anaconda observou o vulto a aproximar-se e arqueou-se, atacando-o e cravando as
suas mandíbulas no crânio do homem, esmagando-o e fazendo com que sangue
jorrasse e manchasse o tapete de terra. A anaconda observou o moribundo... eram
apenas pedaços de carne e vasos sanguíneos. Não eram especiais!
O chão
tremeu enquanto a cobra se deslocava, emitindo silvos agudos. O ar vibrou à
volta do réptil quando algo voou, desenhando um arco, e aterrou no corpo da
anaconda. A cobra caiu, finalmente morta, entre suspiros dos caçadores. Estes agacharam-se,
tentando respirar através da poeira que se levantava. Mas, ao aproximarem-se do
corpo morto, repararam em algumas anomalias da pele da anaconda. Estava, ou
estaria já, se estivesse viva, a dar-se a mudança de pele. Era quase como um
aviso. Eles deveriam também mudar. Bastava quererem afastar o que os impedia de
mudar, tal como a anaconda tentara afastar as balas que a impediam de mudar a
pele e rejuvenescer.
Bastava
sonhar e acreditar! Mais uma lição da natureza. A Humanidade deve aprender e viver
com ela!
Nuno
Aguiar, 8º D
Jacob,
o cão que salvou o mundo
Jacob,
um dos mais recentes agentes desta agência secreta, passou na recruta com
bastante sucesso e começou por fazer pequenos trabalhos: prender ladrões,
ajudar velhinhas a atravessar a rua, entre outros… Para grande desagrado de
Jacob, a ação parecia nunca mais chegar, até que, num dia quente de verão,
Jacob foi chamado ao gabinete do diretor da A.I.M, um poodle branco chamado
Leon, e foi informado que tinha sido escolhido para liderar uma missão bastante
importante com o objetivo de deter Hector, um hamster que fora geneticamente
modificado em laboratórios e queria dominar o mundo e destruir a raça humana.
Ao fim de longos meses de investigação, Jacob e a sua equipa encontraram a sede
secreta de Hector e, ao fim de uma tenebrosa luta, este malvado hamster foi
detido e levado para uma prisão de alta segurança de onde nunca mais sairia.
Enquanto isso, Jacob e os seus amigos estão a desfrutar de umas belas e
merecidas férias no Hawai.
Agora
que sabes a verdade sobre os teus amigos de quatro patas, estás pronto para
enfrentar novos desafios com eles?
Marta Sousa, 8º A
De
acrobata a heroína
O meu
nome é Lara e sou um golfinho de quatro anos. Tenho uma pele sedosa,
acinzentada, olhos cor esmeralda e o som que produzo é comparado às belas
melodias. Todos me acham encantadora, muito curiosa e fico vaidosa quando me
aplaudem.
Habito
num tanque onde a água é muito cristalina e não existe qualquer poluição.
Comigo vivem a minha família e somos muito felizes. Passo os meus dias a
ensaiar acrobacias e a minha parte preferida é quando os meus treinadores me
dão sardinhas como recompensa.
No
inverno, passo os dias a treinar para que no verão possa mostrar as minhas
habilidades aos meus espetadores.
O
espetáculo dos golfinhos, do qual faço parte, é internacionalmente conhecido e,
por esse motivo, o local onde habito é muito visitado.
Numa
tarde de Verão, durante uma sessão em que duas crianças, escolhidas entre o
público, tiveram a possibilidade de entrar no nosso pequeno barco, uma delas
assustou-se, levantando-se repentinamente e acabando por cair à água. Vendo-a
muito aflita, dirigi-me de imediato para ela e, com o meu focinho, consegui
empurrá-la para o meu dorso e trazê-la até à superfície.
O mais
gratificante foi ver toda a gente a aplaudir-me de pé, e o pequeno a agarrar-se
a mim, vendo-me, possivelmente, como a sua heroína.
Nesta
experiência, consegui juntar as duas coisas que mais gosto e me alegram: fazer
as pessoas felizes através das minhas habilidades e salvar os mais pequeninos.
Mariana
Correia, 8ºC
Cuca, do início
maravilhoso ao fim desastroso
Foi
numa manhã de outono que tudo aconteceu, quando uma criança muito alegre entrou
na loja e me fixou com um olhar tão doce que me fascinou. Esta menina era muito
meiga e vinha adotar um pequeno cachorro para passar a ser o seu fiel
companheiro. Decidiu, então, percorrer toda a loja e ver um cão de cada vez,
sem pressas, deixando-me impacientemente para último. Após muito tempo de
espera, ela chegou perto de mim, pediu para me fazer uma carícia e escolheu-me.
Eu era um cão pequeno, com apenas um mês, era castanho mel, tinha olhos verdes,
era um labrador e não tinha nome, mas essa questão foi tratada em breves
momentos, pois, quando já estava dentro de uma caixa no banco do carro, Matilde
decidiu que iria chamar-me Cuca.
Levaram-me para casa, deram-me banho (a coisa
que eu mais odeio), comida e colocaram-me a dormir na cozinha, sentia-me um cão
muito feliz, seguro e protegido com uma família e um lar.
Certo
dia, Pedro, um primo de Matilde, estava a brincar comigo e roubou-me um dos
meus brinquedos preferidos (a bola vermelha de esponja) e eu não gostei, corri
na direção dele e mordi-o. Foi, então, a partir desse dia, que fiquei preso por
uma corrente no pátio, fizesse chuva, sol ou vento, não tinha um teto para me
cobrir e, muitas vezes, passava fome.
Meses
depois, já eu tinha completado um ano, os meus donos e Matilde libertaram-me da
corrente e eu fiquei tão contente, tão radiante que dei saltos de alegria.
Pensei que fôssemos passear, pois abriram a porta do carro para eu entrar, fecharam-na
de seguida e ainda andamos bastante tempo. Até que chegamos a um sítio que não
conhecia, o pai da Matilde saiu do carro, abriu-me a porta e eu comecei a
correr, porém, mal saí, este fechou a porta e desapareceu. Corri atrás do carro
com todas as minhas forças, a minha angústia aumentou ao perceber que o carro
se afastava cada vez mais e não parava, com isto concluí que me tinham
abandonado.
Procurei,
em vão, achar o caminho de volta a casa. Deitei-me no passeio, perdido, e ali
fiquei. Algumas pessoas de bom coração que passavam davam-me algo de comer por
verem a minha tristeza. Passados alguns dias, passei por uma escola e vi muitas
crianças, uma delas parecia-me Matilde, corri na sua direção e foi então que
levei com muitas pedras vindas das crianças que me estavam a mandar embora, uma
delas atingiu um dos meus olhos, deixando-o cego.
Quase
não me consigo mover. Hoje, ao atravessar a rua, fui atropelado. Pelo que sei,
estava num lugar seguro, a passadeira, mas nunca mais me vai sair da cabeça a
imagem do olhar de satisfação do condutor. Podia ter-me morto, esta dor é
terrível e insuportável, as minhas patas traseiras não me respondem e, a muito
custo, arrastei-me até à beira da estrada.
A maior parte das pessoas passa e não me vê,
eu estou praticamente inconsciente, mas algo me fez abrir os olhos: diante de
mim uma bonita senhora cuja voz doce me fez reagir. Esta telefonou para um
hospital veterinário e o socorro chegou de imediato, o médico observou-me e
disse que já não havia nada a fazer. Foi então que começaram a escorrer
lágrimas pelo rosto belo, comprido e pálido daquela amável estranha. Da maneira
que pude, abanei a cauda como sinal de agradecimento, e senti somente uma
picada da injeção e dormi para sempre, pensando: Para que que nasci, se ninguém
me queria?
Mafalda
Pereira, 8ºE
Coragem
de Rinoceronte
Na
longínqua e perigosa floresta de Madagáscar algo de especial estava a
acontecer. A agitação era sentida como se fosse uma brisa inquieta de ar quente
vinda do continente. Era um dia diferente dos outros. Mais luminoso, mais húmido,
apenas diferente.
O
pequeno rinoceronte, recém-nascido, sentiu desde o primeiro momento que o seu
nascimento tinha uma razão de ser. Sentia-se forte como um leão, veloz como uma
chita e o melhor de todos os animais da selva. O seu nome era Allan e durante o
seu crescimento foi muitas vezes avisado pelo pai para não correr riscos
desnecessários, já que a selva não era um lugar fácil para um rinoceronte.
Numa
noite fria e tenebrosa, Allan decidiu ir desafiar a selva à luz da lua cheia.
Não se preocupou em avisar o seu pai, Bali, pois sabia que este iria proibi-lo.
Entrou
na selva sem temor nem precaução. Era a noite da sua emancipação e afirmação
como um adulto valente. Desde sempre achou que o pai exagerara nos conselhos e,
pela primeira vez, teve a oportunidade de constatar que a selva era um lugar
perfeitamente ao seu alcance.
A sua majestosa e inabalável autoconfiança foi
interrompida pelo barulho de passos no meio da vegetação. Duas pérolas
brilhantes destacavam-se no meio das folhas rasteiras, graças ao reflexo do
luar. Um rugido ensurdecedor fez tremer a terra e as árvores, e fez surgir o
medo que o jovem Allan pensava não existir.
Por
detrás do rugido, as pérolas brilhantes cresceram até se transformarem nos
olhos vermelhos e esfomeados do grande Iron, o rei da selva. Precisamente no
momento em que o leão se preparava para o último salto que levaria Allan à sua
morte, eis que surge Bali decidido a dar a sua própria vida para impedir a
triste repetição do que vira no passado: mãe de Allan fora morta pelo próprio
Iron, quando Allan era ainda recém-nascido.
A luta
fez tremer não só a floresta como toda a ilha de Madagáscar. Há quem diga que
na costa africana eram ouvidos os gemidos dos dois gladiadores que lutavam, um
para se alimentar, e o outro para salvar o filho. Venceu o amor de pai e o
feroz Iron sucumbiu aos profundos ferimentos.
Infelizmente,
a linha de vida de Bali também tinha chegado ao fim. Desta vez conseguiu
cumprir o que não tinha feito no passado. Fora incapaz de salvar a sua amada, mas
entregou a vida para salvar o filho.
Pela
lei da selva, quem mata o rei, transforma-se em rei. Com a morte do corajoso
Bali, Allan tornou-se o rei. Tinha um legado a defender: ser fiel aos
ensinamentos do pai e valorizar a vida nem que para isso tivesse que sacrificar
a sua.
Ana
Makrilou, 8ºE
Amor Precipitado
Bóris era um gato alegre e sempre bem-disposto.
Este havia sido acolhido por uma família em França, depois de ter nascido num
beco sem saída, obscuro e secreto, lá pelas ruas de Paris. Felizmente,
conseguiu encontrar uma casa onde viver, graças à generosidade de certas pessoas.
Uma delas era uma senhora pertencente a uma classe social alta, podendo, deste
modo, oferecer-lhe uma qualidade de vida de que nunca tivera possibilidade de
usufruir. Porém, a partir do momento em que foi alojado, passou a vestir roupas
caras e luxuosas, passou a comer todos aqueles biscoitos de tipos e cores
variadas, para além de poder conviver com pessoas e animais com o mesmo nível
de vida. Bóris viu-se, então, um gato endinheirado e opulento com tudo o que
era considerado bom na vida, sentindo-se encantado e, sobretudo, satisfeito.
Olívia
Almeida, 8ºD
O seu passatempo preferido era passear pelos
jardins, especialmente pelos pertencentes ao Palácio do Eliseu. Eram-lhe
espantosos, visto que lhe ofereciam uma magnífica e deslumbrante paisagem. As
flores com o seu aroma subtil, as árvores envolventes, os bancos, a relva, o
repuxo de água e as sublimes estátuas de ouro faziam parte deste jardim, com o
intuito de o embelezar e conceder-lhe um ambiente agradável.
Foi então que, numa das suas passeatas,
conheceu uma gata chamada Biju. Quando a viu pela primeira vez, parecia que o
seu coração ia sair pela boca, resultado de tanta emoção. Enamorou-se
perdidamente por ela. Os seus olhos eram pequenos cristais afetados, o seu pelo
era brilhante e de cor branca, lembrando o tempo frio do Inverno e tinha umas
patas pequenas e delicadas. É evidente que Bóris acabou por não resistir a
tamanho encanto, e foi acompanhá-la no seu passeio.
Conheceram-se e conversaram durante bastante
tempo. Apercebendo-se que Biju também nutria uma afeição por ele, e aproveitando
a situação, Bóris disse-lhe, bastante cauteloso e atento:
-Seremos,
então, parecidos?
Biju respondeu:
-Apenas
a experiência da vida nos dirá, querido Bóris!
Como este era muito impaciente e precipitado
devido a tudo a que se tivera de se sujeitar antes de possuir este estilo de
vida, acabou por aborrecê-la ao forçar-lhe um pedido de namoro. Desiludida, ela
desapareceu, deixando Bóris sozinho e consternado. Este pensou, pensou, pensou
e refletiu :-Talvez me tenha
precipitado, talvez me tenha confundido, talvez eu tenha dito algo errado,
talvez…talvez nada disto tivesse de acontecer!... E era assim que falava consigo
próprio, até que chegou à conclusão que na vida tudo tem o seu tempo, um
princípio, um fim, uma partida, uma chegada. Nesse momento, no jardim do
Palácio do Eliseu, na cidade romântica que era Paris, deu-se o pôr-do-sol e as
imensas andorinhas, lá de cima das árvores, finalmente, soltaram-se e
libertaram-se das pressas e azáfamas da cidade, espelhando, nas águas puras e
silenciosas, a sua imagem tranquila e serena, algo de que Bóris procurava um
dia possuir.
A mãe cegonha
Em Paris, capital da França, existia uma cegonha bela, simpática e feliz, essa
cegonha chamava-se D. Branca, tinha esse nome porque era toda branquinha.
Um dia, a senhora D. Branca andava muito triste, lá no alto da igreja, no campanário que já tinha sido construído há vários anos, olhava para a aldeia cheia de saudades de quando era mais jovem.
Ela era do tempo em que os bebés chegavam a casa dos pais dentro de um cestinho pendurado num bico de uma cegonha. Ela fazia de estafeta como aqueles que andam a entregar pizzas e outras coisas.
Agora, os bebés nasciam nas maternidades, com mil cuidados, doutores e enfermeiros que tratavam de tudo. E, foi por isso que as cegonhas ficaram desempregadas!
O doutor acedeu ao seu pedido e todos ficaram felizes por terem de novo as cegonhas como estafetas.
Um dia, a senhora D. Branca andava muito triste, lá no alto da igreja, no campanário que já tinha sido construído há vários anos, olhava para a aldeia cheia de saudades de quando era mais jovem.
Ela era do tempo em que os bebés chegavam a casa dos pais dentro de um cestinho pendurado num bico de uma cegonha. Ela fazia de estafeta como aqueles que andam a entregar pizzas e outras coisas.
Nessa
terra, nasciam tantos bebés que nem a D. Branca nem a sua equipa paravam para
descansar. Levantavam voo dos telhados onde moravam, para ir buscar os bebés e
voltavam para os ir entregar na casa a que pertenciam.
Agora, os bebés nasciam nas maternidades, com mil cuidados, doutores e enfermeiros que tratavam de tudo. E, foi por isso que as cegonhas ficaram desempregadas!
Uma
manhã D. Branca, descontente com o que acontecera, levantou voo e dirigiu-se ao
hospital lá da terra, onde ficava a maternidade. A sua entrada provocou um
grande espanto naquelas pessoas, sobretudo futuras mães que, de imediato,
reconheceram a D, Branca:
- Olha a cegonha D. Branca, que me trouxe os
meus filhos! - disse logo uma senhora.
A cegonha sentiu-se feliz, pois ainda alguém se lembrava dela.
A cegonha sentiu-se feliz, pois ainda alguém se lembrava dela.
-Posso falar com o doutor chefe? - pediu à
enfermeira.
Nesse consultório foi recebida com um sorriso:
-Sabe que eu também nasci no bico de uma
cegonha? O que quer de mim?
- Quero voltar a trabalhar. Será que precisam de uma cegonha para entregar bebés? É que eu tenho muita experiência... – afirmou D.Branca.
- Quero voltar a trabalhar. Será que precisam de uma cegonha para entregar bebés? É que eu tenho muita experiência... – afirmou D.Branca.
O doutor acedeu ao seu pedido e todos ficaram felizes por terem de novo as cegonhas como estafetas.
Bruno
Martins, 8ºC
A história de
Cenourinha
Esta é
a história de Cenourinha, o pássaro que queria ser livre. Ele sentia-se
encurralado dentro da gaiola, como se estivesse na solitária de uma prisão.
Cenourinha
era um canário que, como o próprio nome indica, tinha uma cor laranja vivo,
como uma cenoura, também não tinha as duas patas, devido a uma queda da sua
gaiola azul e branca.
O
canário via os pássaros à beira da sua casa a voar livremente, e ele sentia
inveja ao vê-los tão alegres, enquanto ele ficava aprisionado na sua gaiola,
sem poder voar pela casa fora.
Um dia,
enquanto a sua dona limpava a gaiola, ele fugiu e saiu pela janela, rápido como
uma flecha. Quando sentiu aquela lufada de ar fresco a tocar-lhe nas asas, ele
ficou tão alegre quanto os outros pássaros, finalmente estava livre do que ele
achava ser uma tortura.
Só não
contou com uma coisa: como não tinha patas, era difícil pousar num ramo de
árvore. Ele sentiu-se destroçado, pois um erro ingénuo podia ter-lhe custado a
vida.
Durou
apenas uns dias ao ar livre, até que a fome o atacou, assim como a saudade do
seu lar e da sua adorável dona. Ele acabou por não aguentar e encontrou o
caminho de volta para casa, onde foi recebido com muito entusiasmo e carinho
pela sua dona.
No
final desta história, todos aprenderam alguma coisa: a dona aprendeu a deixá-lo
ser mais livre e o Cenourinha aprendeu a pensar duas vezes antes de fazer
alguma coisa.
Luís Pimentel, 8ºE